A economia do Reino Unido está sofrendo em meio ao maior aumento dos custos do crédito bancário em 33 anos, indica no domingo (30) a agência norte-americana Bloomberg.
Os economistas e investidores esperam que o Banco de Inglaterra suba as taxas de juro de 2,15% para 3% durante sua próxima reunião na quinta-feira (3).
Os domicílios já estão pagando mais por novas hipotecas, e as empresas também se queixam dos crescentes custos do crédito. O novo governo de Rishi Sunak procura reduzir a despesa para evitar que os crescentes juros continuem aumentando os custos do serviço da dívida. Trata-se da primeira vez em décadas que tanto o Banco de Inglaterra como o Tesouro do Reino Unido tentam desacelerar a economia, em ambos os casos para reduzir a inflação.
Para Innes McFee, diretor administrativo da Oxford Economics, já é inevitável que o Reino Unido entre em recessão.
"A resposta macro ainda está para se apertar enquanto nos aproximamos de um inverno [no final do ano] muito difícil", disse McFee.
Entre as consequências citadas pela Bloomberg estão a cada vez maior dificuldade no mercado imobiliário, com a taxa fixa de dois anos sendo agora de 6,48%, contra os 2,34% em dezembro de 2021. Isso se traduz em um aumento de custos de pelo menos mais 10.000 libras britânicas (cerca de R$ 61.500) em uma hipoteca de 200.000 libras britânicas (cerca de R$ 1,23 milhão) em menos de um ano. O preço das casas deve agora cair até 18% em 2023, segundo os analistas.
As empresas também veem sua capacidade de contrair crédito cada vez mais restrita. Metade das pequenas e médias empresas pesquisadas pela Federação de Pequenos Negócios avalia o custo e a disponibilidade dos empréstimos como "pobre" no terceiro trimestre de 2022, o pior valor em sete anos. Muitos temem a insolvência.
Já para os bancos, as perspectivas podem ser positivas, pois beneficiam de maior lucro com empréstimos, após anos de aperto financeiro devido a taxas de juro extremamente baixas. No entanto, os bancos também poderiam sofrer mais com o incumprimento dos devedores.
A dívida governamental também está aumentando devido à dependência de 25% do Índice de Preços de Varejo. Ela está crescendo a uma taxa anual de quase 13%, a maior em 41 anos. A conta de juros do Tesouro britânico saltou 64%, muito mais que o previsto em março, apesar de medidas como a redução de impostos e os custos de apoio governamental aos domicílios e empresas. O déficit de 2022-23 poderá agora atingir 170 bilhões de libras britânicas (R$ 1,04 trilhão), quase o dobro do esperado em março.