Ben Wallace, secretário de Defesa do Reino Unido, não vê como muito realista chegar a uma despesa militar equivalente a 3% do PIB nos próximos anos em meio à pressão inflacionária e fraca libra britânica, cita na quarta-feira (2) o portal Defense News.
Segundo ele, o aumento dos atuais pouco mais de 2% não poderá ser muito grande até 2025, apesar de o objetivo dos 3% ter sido previsto para 2028 durante os governos de Boris Johnson (2019-2022) e Liz Truss (2022).
"Como um departamento muito dependente de capital, somos muito mais vulneráveis aos custos inflacionários do que outros departamentos em nossos programas e equipamentos", disse na quarta-feira (2) Wallace ao Comitê de Defesa parlamentar, para relatar o impacto da inflação, taxas de câmbio e possíveis cortes nos gastos.
Por causa disso, apontou ele, a figura de 3% é agora "aspiracional".
Apesar de ser previsível, a resposta desapontou o comitê, que sugeriu, com base na experiência do passado, que se trata de uma confirmação de que o objetivo não será atingido.
"Então gastem pelo menos 2,5% do PIB até 2026", pediu Mark Francois, membro do comitê e ex-ministro da Defesa britânico.
Além do status do orçamento de defesa, o secretário de Defesa do Reino Unido relatou que 500 armas anti-tanque NLAW serão enviadas à Ucrânia em 2023, e que nesse ano será assinado um novo acordo de fornecimento a Kiev de milhares de armas do Reino Unido e outros países, e também o progresso quanto à construção dos veículos de reconhecimento blindados Ajax e das fragatas antissubmarinas Type 26.
O Reino Unido registrou uma taxa de inflação anual de 10,1% em outubro, a mesma que em agosto, e a maior desde 1980, provocada pela quebra das cadeias abastecimento durante a pandemia da COVID-19 e pelo aumento dos preços de energia, que aceleraram após as sanções antirrussas em fevereiro de 2022. Elas foram impostas em resposta ao começo da operação militar especial da Rússia na Ucrânia.
A inflação também tem provocado uma depreciação no valor da moeda britânica, que nos finais de setembro caiu para mínimos históricos frente ao dólar dos EUA, de US$ 1,07 (R$ 5,77), e atualmente ainda ronda US$ 1,12 (R$ 5,72). Em comparação, em 23 de fevereiro de 2022 uma libra britânica valia US$ 1,36 (R$ 6,87).