O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, ordenou a retirada das tropas russas de partes da região de Kherson na quarta-feira (9) para formar posições defensivas na margem esquerda do rio Dniepre. A decisão foi tomada depois que o comandante de todas as forças russas na Ucrânia, Sergei Surovikin, alertou sobre os planos do regime de Kiev de lançar um ataque maciço de mísseis à represa local de Kakhovka, juntamente com ataques indiscriminados contra civis.
Se olharmos para as ações dos militares russos, eles sempre priorizaram a prevenção de grandes perdas entre a população civil, buscando salvar o maior número possível de vidas civis e militares, destacou o analista político iraniano Roohollah Modabber, falando à Sputnik.
Para fins humanitários, decisões difíceis foram tomadas durante a operação militar especial da Rússia na Ucrânia, incluindo retiradas e redistribuição de posições de combate, ressaltou.
Assim, a decisão do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, sobre a região de Kherson é, antes de tudo, uma "manobra preventiva destinada a salvar o maior número possível de vidas", disse o cientista político que cobre questões russas na mídia iraniana.
Falando à Sputnik, o analista enfatizou que a retirada não foi de forma alguma uma capitulação às Forças Armadas da Ucrânia ou seus "mestres de marionetes" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Para Modabber, não é segredo que, além das armas convencionais, que o chamado Ocidente coletivo vem canalizando para a Ucrânia e que também estão sendo usadas indiscriminadamente contra civis, as Forças Armadas da Ucrânia planejavam recorrer a armas biológicas e armas químicas, além de detonar uma "bomba suja", afirmou ele.
"A Rússia poderia ter optado por atacar com todas as suas forças, mas preferiu uma abordagem contida e táticas diferentes da OTAN: minimizar a perda de vidas. Esta é a razão da decisão de Kherson anunciada pelo ministro da Defesa da Rússia", disse o analista político iraniano.
Ele acrescentou que, ao longo de sua história, a Rússia saiu vitoriosa de muitas guerras. Portanto, as táticas militares que estão sendo empreendidas hoje em relação a Kherson podem ser percebidas como uma espécie de vitória para o Exército russo, que assim salva milhares de vidas de civis e militares durante a contraofensiva que está sendo preparada, que para o analista pode ser classificada como neonazista.
Até certo ponto, este passo por parte dos militares russos também pode ser considerado uma derrota para o Ocidente, uma vez que nunca poupa civis ou militares, como evidenciado por seu desejo de descarregar armas na Ucrânia — algo que Moscou advertiu repetidamente que apenas prolongava o conflito.
"A vida das pessoas comuns nunca importou para o Ocidente em conflitos militares", disse Modabber.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, concordou com a sugestão de Sergei Surovikin, general do Exército russo nomeado comandante de todas as forças russas na Ucrânia, de retirar tropas de partes da região russa de Kherson para a margem esquerda do rio Dniepre.
Antes do anúncio, o general Surovikin havia entregue um relatório a Sergei Shoigu sobre o curso da operação militar especial, esclarecendo que o estabelecimento de defesas ao longo da margem esquerda do rio Dniepre era a melhor opção tática nas circunstâncias atuais. Citando informações de que as autoridades de Kiev estavam planejando um ataque maciço de mísseis na represa local de Kakhovka, juntamente com ataques indiscriminados de mísseis e artilharia contra a cidade de Kherson, Surovikin falou sobre medida mais racional possível.
"Haverá uma ameaça adicional à população civil e um completo isolamento do grupo de nossas tropas na margem direita do Dniepre. Nestas condições, a opção mais racional é estabelecer defesa ao longo da linha de barreira do rio Dniepre", acrescentando que medida "salvaria a vida de nossos militares e, em geral, a capacidade de combate do grupo de tropas".
A região de Kherson tornou-se oficialmente parte da Rússia no início de outubro, juntamente com as áreas libertadas da região de Zaporozhie e as repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL), depois que as pessoas nesses territórios apoiaram esmagadoramente a mudança através de referendos.
O presidente russo, Vladimir Putin, aprovou tratados de adesão das RPD, RPL e das regiões de Kherson e Zaporozhie, assinando leis constitucionais que as tornam parte do país.