Panorama internacional

Vice-presidente argentina pede afastamento da juíza que investiga o ataque contra ela

A vice-presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, solicitou a recusa da juíza federal María Eugenia Capucchetti, responsável pela investigação da tentativa de assassinato de que foi vítima em 1º de setembro, por se recusar a investigar o deputado da oposição Gerardo Milman.
Sputnik
"Dei instruções aos meus advogados para contestar a juíza María Eugenia Capuchetti", anunciou a ex-presidente (2007-2015) nas redes sociais.
Fernández atacou Gerardo Milman, que foi vice-ministro de Segurança durante o governo do então presidente Mauricio Macri (2015-2019), quando administrava a mesa de inteligência, segundo um vídeo compartilhado pela vice-presidente.
"Quando eles a matarem, estarei a caminho da costa", teria dito Milman dois dias antes do ataque em um bar perto do Congresso, Casablanca, segundo disse uma testemunha no tribunal.
O parlamentar, filiado ao PRO, partido fundado por Macri, estava acompanhado de duas de suas assessoras, que inicialmente negaram a Capuchetti que tivessem se encontrado com Milman no bar de Casablanca, mas quando lhes foram mostradas algumas imagens que contradiziam suas declarações, reconheceram a existência do encontro.
"Apesar de terem começado sua declaração mentindo, a juíza Capuchetti não tomou nenhuma providência para continuar investigando", destaca a narração do vídeo transmitido pela ex-presidente.
Uma das assessoras de Milman, Carolina Gómez Mónaco, foi nomeada diretora da Escola de Inteligência Criminal em 2017 e tem uma empresa que compartilha com uma sócia, María Mroue, que por sua vez é palestrante do canal Crónica, em que foram entrevistados Fernando Sabag Montiel e Brenda Uliarte, processados por tentar assassinar Fernández de Kirchner.
Panorama internacional
Mídia colocou arma na mão do autor do atentado contra Cristina Kirchner, diz analista
A ex-presidente observou ainda que no dia 17 de agosto Milman apresentou um projeto de declaração em que alertava para a possibilidade de "algum vanguardista esclarecido pretender favorecer o clima de violência [...] com um falso ataque à figura de Cristina para vitimizá-la".
Apesar desses indícios, a juíza Capuchetti não tomou providências diante do mais grave ato de violência política desde a volta da democracia, em 1983.
No dia 3 de novembro, o juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi processou quatro integrantes do grupo Revolução Federal, responsável por divulgar mensagens de ódio contra altos funcionários do governo e suspeito de ligação com a tentativa de assassinato.
Até agora, há três pessoas detidas pelo ataque fracassado contra a ex-presidente, que ocorreu quando um homem de 35 anos chamado Fernando Sabag Montiel disparou uma arma a centímetros do rosto de Fernández sem que nenhuma bala saísse do cilindro.
Além de Sabag Montiel, sua companheira, Brenda Uliarte, é considerada coautora da tentativa de assassinato, bem como Gabriel Carrizo, chefe da quadrilha que vendia algodão doce à qual pertenciam todos os acusados de atacar a vice-presidente.
Comentar