Panorama internacional

Lavrov: EUA e OTAN tentam militarizar a Ásia-Pacífico para expandir influência regional da aliança

O chanceler russo já chegou a descrever o acordo de 2021 entre EUA, Reino Unido e Austrália (AUKUS) como algo que aparentemente serve como uma extensão dos interesses da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na região da Ásia-Pacífico.
Sputnik
Os EUA e a OTAN estão tentando militarizar a região da Ásia-Pacífico, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, a repórteres durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) na capital do Camboja, Phnom Penh, neste domingo (13).
Washington e seus aliados da OTAN "estão tentando reivindicar o espaço Ásia-Pacífico que se desenvolveu por várias décadas em torno das iniciativas da ASEAN e criou uma estrutura inclusiva, aberta e igualitária de segurança e cooperação", disse Lavrov.
Ele acrescentou que, há pouco tempo, foi apresentado o conceito norte-americano da estratégia para o Indo-Pacífico, um documento que estipula a promoção de "formatos que não estão abertos a todos".
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, esses formatos, que "rivalizam com as estruturas inclusivas criadas em torno da ASEAN, preveem a militarização desta região, com um foco óbvio na contenção dos interesses da China e da Rússia na zona da Ásia-Pacífico".
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Lavrov observou que um dos sinais específicos da linha política dos EUA e da OTAN em relação ao desenvolvimento e militarização da região Ásia-Pacífico foi a criação do bloco militar AUKUS, que agora está tentando ativamente atrair a Nova Zelândia, o Canadá e o Japão.
O chefe da diplomacia russa enfatizou que, enquanto Moscou e China defendem a necessidade de preservar os formatos que foram criados em torno da ASEAN, o Ocidente continua desenvolvendo seus próprios planos.
"Todos defendem da boca para fora a necessidade de reconhecer o papel da ASEAN, mas, na realidade, mantêm a sua linha e promovem esses mecanismos e ferramentas de confronto", sublinhou.
Sobre a OTAN, Lavrov argumentou que a aliança abandonou seu foco defensivo e que atualmente quer desempenhar um papel de liderança na região da Ásia-Pacífico.
Ele observou que "a OTAN não diz mais que é uma aliança puramente defensiva, que existia quando a União Soviética e o Pacto de Varsóvia existiam".
"Desde então, a OTAN moveu sua chamada linha de defesa para mais perto de nossas fronteiras várias vezes, e agora eles anunciaram na cúpula de Madri, neste verão [do Hemisfério Norte], que têm responsabilidade global e que a segurança das regiões do Euro-Atlântico e do Indo-Pacífico é indissociável", disse o ministro das Relações Exteriores russo, acrescentando que a linha de defesa já está sendo transferida para o mar do Sul da China.
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As observações vieram depois que Lavrov disse ao colega chinês Wang Yi, à margem da reunião ministerial da ASEAN no Camboja, no início de setembro, que "há uma tendência óbvia de usar a AUKUS para promover os interesses da OTAN na região do Indo-Pacífico" e que "na verdade, os membros da OTAN não escondem isso".
No ano passado, os EUA, o Reino Unido e a Austrália assinaram a chamada parceria trilateral AUKUS, destinada a fortalecer a frota australiana com submarinos movidos a energia nuclear e aumentar a cooperação de defesa entre os países da região da Ásia-Pacífico.
Ao mesmo tempo, ainda em 2021, a Rússia enviou suas propostas de segurança para a OTAN e os EUA, em meio às crescentes tensões em torno da Ucrânia. Moscou solicitou especificamente garantias de que a aliança não se expandiria para Leste a fim de incluir a Ucrânia e a Geórgia e não estabeleceria bases militares em países pós-soviéticos. As propostas relacionadas à segurança da Rússia foram rejeitadas imediatamente, com Washington insistindo que não permitiria que ninguém impedisse o que diz ser a "política de portas abertas" da OTAN.
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