Temendo que mais uma operação contra o terrorismo seja alvo de críticas, como ocorreu no Sahel, no Mali, o governo francês estuda retirar seu Exército de Burkina Faso.
"É óbvio que a revisão da nossa estratégia geral na África põe em causa todas os componentes da nossa presença, incluindo as forças especiais", declarou Sébastien Lecornu, segundo apuração do Le Figaro
A França, que ainda destaca cerca de 3 mil soldados no Sahel, depois de contar com mais de 5.500 homens, deu a si mesma seis meses para finalizar sua estratégia na África, explicou Sébastien Lecornu.
O ministro das Forças Armadas da França afirmou que o país está trabalhando para buscar "uma organização no formato de nossas bases militares existentes".
Ele avalia que as bases francesas no continente africano "terão de manter certas capacidades", como proteger soldados e treinar os exércitos locais. Entretanto, ele descartou novas operações do Exército francês na região.
"Já não se trata de combater o terrorismo 'no lugar' dos nossos parceiros, mas de o fazer com eles, ao seu lado", reconheceu Lecornu
Há semanas, Burkina Faso convive com manifestações contra a presença da França no país, em meio à crescente violência de grupos terroristas contra a embaixada francesa em Ouagadougou e a base militar de Kamboisin, nos arredores da capital, onde está estacionado um contingente de forças especiais.
A França há muito luta contra grupos islâmicos na região sob a égide da Operação Barkhane e, mais recentemente, da Força-Tarefa Takuba. Os esforços, no entanto, resultaram em mais insatisfação popular, diante da guerra que arrasta há mais de oito anos com poucos sinais de progresso.
As forças francesas foram expulsas do Mali no ano passado e os protestos no Níger também exigiram sua saída.
Golpe militar: líder de Burkina Faso é deposto e Constituição é suspensa
Na noite de 30 de setembro, a mídia local informou que um grupo militar liderado pelo capitão Ibrahim Traore anunciou a deposição do tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, chefe do governo interino do país, a suspensão da Constituição do país, a dissolução do governo e o fechamento de fronteiras.
Os militares, que reivindicaram sua fidelidade ao Movimento Patriótico de Salvaguarda e Restauração (MPSR), acusaram Damiba de se desviar dos ideais do movimento.
Ibrahim Traore informou que os oficiais que lideram o golpe decidiram tirar Damiba do poder porque ele não conseguiu lidar com um levante armado de militantes islâmicos no país.
Isso marca a segunda tomada de poder pelos militares em Burkina Faso em oito meses.
Em 24 de janeiro, o MPSR, liderado por Damiba, tomou o poder no país e depôs o então presidente Roch Marc Christian Kabore. O grupo dissolveu o governo e suspendeu a Constituição, mas depois decidiu restaurá-la. Desde então, o MPSR tem sido a junta militar governante de Burkina Faso.