A Austrália está tendo dificuldades em encontrar um substituto para o mercado da China, de acordo com um artigo de domingo (20) da agência norte-americana Bloomberg.
Um deles é o mercado de exportação do vinho australiano para a China, que rendia 1,2 bilhão de dólares australianos (R$ 4,2 bilhões) em termos anuais. No entanto, desde a imposição de grandes tarifas aos produtos do país oceânico, esse lucro foi cortado em cerca de metade, apesar das procuras frenéticas por novos mercados, como Cingapura, Coreia do Sul, Reino Unido, América do Norte e a Índia. A última é vista mais como uma oportunidade de médio-longo prazo.
"Embora tenhamos encontrado novas e pequenas oportunidades, nunca houve nada que pudesse substituir um mercado daquele tamanho e escala, particularmente na parte do luxo", disse Mitchell Taylor, diretor da Taylors Wines, que costumava obter cerca de 20% de sua receita de exportação anual da China.
Já a produtora de vinho de luxo Treasury Wine decidiu produzir diretamente na China para evitar tais problemas.
Visitas da China
O problema pode ser ainda mais agudo no caso do turismo, com a China enviando à Austrália apenas 8% do número de pessoas de 2019, principalmente devido à sua política de tolerância zero com a COVID-19. Os outros grandes mercados emissores também seguem registrando quedas significantes, os quais Camberra procura aliciar, particularmente a Índia.
No entanto, os turistas chineses gastam mais que os das outras nacionalidades. Para um mercado grande como a Índia compensar essa lacuna, seria necessário ter um número de visitantes quase duas vezes superior ao atual da China, avaliou Madeline Dunk, economista da ANZ.
As visitas de estudantes ao sistema educativo da Austrália também sofrem de uma redução de mais de 30% por parte da China, que apenas é parcialmente compensada pelo aumento da Índia e do Nepal. No entanto, os estudantes chineses também gastam mais em bens de consumo que as outras nacionalidades.
Produtos alimentares
A cevada australiana sofreu em 2020 um golpe quando a China impôs tarifas antidumping de 80%, o que veio pouco depois de os agricultores colocaram sementes no solo, deixando os agricultores incapazes de ajustar os programas de plantio.
Para compensar, Camberra redirecionou grande parte da colheita extra para a Arábia Saudita, outro grande mercado mundial de cevada. No entanto, ela costuma usar os grãos principalmente para alimentar animais, reduzindo significativamente o preço de venda em comparação com a China. Em resposta, os agricultores da Austrália decidiram plantar também cevada forrageira, canola e trigo.
O país oceânico também está tentando diversificar seu mercado de frutos do mar para locais como Hong Kong, EUA, Vietnã e Taiwan, e outros mercados. Já o mercado de carvão está em grande crescimento, com as receitas superando os valores pré-pandemia após a matéria-prima ter sido redirecionada para o Japão, Coreia do Sul e a Índia.
"Para uma economia pequena e aberta como a australiana, é mais fácil imaginar do que realizar uma diversificação além da superpotência global emergente", concluiu a Bloomberg.