O novo acordo, que será renovado automaticamente a cada quatro anos, permitirá abastecer a Argentina no inverno a partir do Brasil e reduzirá a necessidade de importação de combustíveis líquidos para geração.
Segundo o comunicado do Ministério de Minas e Energia, a integração Brasil-Argentina contribui para redução do custo de operação e aumento da segurança energética, com impacto positivo aos consumidores brasileiros e argentinos.
Em 2021, a Argentina exportou 3.795 GWh (R$ 5,32 bilhões) de energia elétrica para o Brasil durante o momento da maior crise hídrica do país vizinho e quase US$ 350 milhões (R$ 1,33 bilhões) em gás até agora neste ano
Em 2022, com o Brasil já recuperado, a Argentina importou 3.741 GWh a um custo médio em torno de 100 dólares, preço altamente competitivo no atual contexto de preços internacionais exorbitantes.
"Chegamos a um acordo para regulamentar a troca de eletricidade e gás entre os dois países", anunciou nas redes sociais o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli.
A estatal Energía Argentina (Enarsa), os ministérios da Economia e das Relações Exteriores dos dois países e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) também participaram das rodadas de negociação.
O acordo assinado hoje vigorará até 2025. Além disso, possibilita o uso do Sistema de Moeda Local para pagamentos e prevê que o Brasil modernize as estações conversoras de Garabí.
"Este memorando é benéfico para os dois países e é mais um exemplo do trabalho conjunto que temos feito em questões energéticas nos mercados regionais, principalmente com o Brasil", disse a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royon.
O entendimento também prevê que o Brasil modernize as estações conversoras de Garabí, garantindo o funcionamento adequado para a próxima década.
Scioli, por sua vez, sustentou que o acordo permite a utilização do Sistema de Pagamentos Bilaterais em Moedas Locais.
O presidente argentino, Alberto Fernández , recebeu posteriormente o secretário de Energia e o embaixador no Brasil na Casa Rosada, sede do governo argentino.
As autoridades argentinas enalteceram a contribuição do Brasil para a economia do país, principalmente "para que a Argentina pudesse sustentar sua demanda de energia a um preço competitivo".
O presidente da Argentina também falou sobre o andamento das negociações para obtenção de financiamento para as próximas etapas do Gasoduto Presidente Néstor Kirchner, na província de Neuquén, que abriga a segunda reserva mundial de gás não convencional, e a quarta de petróleo.
O governo argentino espera que, uma vez concluído o gasoduto, o país se torne um exportador líquido de gás, de modo que a obra tenha "o impacto binacional mais importante da história".