Anteriormente, Vladimir Zelensky disse estar pronto para decidir o destino da Crimeia por meios não militares. Em uma entrevista ao jornal Financial Times o líder ucraniano reconheceu que a questão da Crimeia está sendo levantada a nível internacional. Contudo, Zelensky apontou que ninguém deve "perder o seu tempo" caso a decisão sobre o futuro da península implique que esta "faz parte da Rússia".
"Vocês sabem que desde o início, e o presidente [da Rússia] falou disso várias vezes ainda antes do início da operação especial, a Constituição ucraniana implicava que a Crimeia deve ser devolvida à Ucrânia pela força, por meios militares. E de fato a Ucrânia não abdicou disso, para nós isso não passa de alienação de territórios da Federação da Rússia, não pode haver outra interpretação disso, isso está fora de questão", disse Peskov a jornalistas ao comentar as declarações de Zelensky.
Conforme o porta-voz do presidente russo, infelizmente, a mídia russa apresentou o sentido das palavras de Zelensky "de maneira absolutamente errada".
"[Apresentaram a notícia] quase como uma prontidão do presidente Zelensky de abordar o problema por meios não militares, através de negociações de paz, isso é uma interpretação absolutamente errada", especificou Peskov.
Além disso, o porta-voz de Vladimir Putin opina que tais declarações do presidente ucraniano demonstram a falta de vontade de Kiev de usar meios não militares para resolver o problema.
"Tais declarações mais uma vez demonstram a indisponibilidade, falta de vontade e incapacidade da parte ucraniana para resolver o problema por meios não militares", salientou Peskov.
A Crimeia se tornou uma região russa em março de 2014 como resultado de um referendo efetuado após o golpe de Estado na Ucrânia. No referendo, 96,77% dos eleitores na Crimeia e 95,6% em Sevastopol se manifestaram a favor da adesão à Rússia.
A Ucrânia continua considerando a Crimeia um território seu temporariamente ocupado, com muitos países ocidentais apoiando Kiev nesse assunto. As autoridades russas, por sua vez, têm repetidamente afirmado que os habitantes da Crimeia votaram a favor da reunificação com a Rússia de maneira democrática, no mais estrito cumprimento do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. Segundo o presidente russo Vladimir Putin, a questão da Crimeia "está definitivamente fechada".