A mumificação no antigo Egito não era realizada para preservar o corpo após a morte, declararam pesquisadores da Universidade de Manchester, Reino Unido, citados na terça-feira (22) pelo portal Live Science.
A pesquisa determinou que esta ideia errada começou com pesquisadores do período vitoriano britânico (1837-1901), que presumiram erroneamente que os antigos egípcios preservavam seus mortos da mesma forma que preservavam os peixes: com sal.
"A ideia era que você preserve o peixe para comer em algum momento futuro, então eles assumiram que o que estava sendo feito ao corpo humano era o mesmo que o tratamento para o peixe", explicou Campbell Price, o curador de Egito e Sudão do museu, ao Live Science.
No entanto, os egípcios usavam principalmente substâncias salgadas diferentes nestes processos. Um ingrediente chave na mumificação era natron, um mineral natural abundante nos leitos de lago perto do Nilo que também era usado em rituais do templo para purificação. Outro deles, o incenso, chamado senetjer no egípcio antigo, que literalmente significa "tornar divino", é geralmente associado às múmias.
"Quando se está queimando incenso em um templo, isso é apropriado porque é a casa de um deus e torna o espaço divino. Mas então, quando você está usando resinas de incenso no corpo, você está tornando o corpo divino e um ser divino. Você não está necessariamente o preservando", acrescentou Price.
O curador do Museu de Manchester da Universidade de Manchester sublinhou que "a obsessão biomédica que nasceu das ideias vitorianas sobre a necessidade do seu corpo completo na vida após a morte não ajudou".
"Isso incluiu a remoção dos órgãos internos. Acho que isso na verdade tem um significado um pouco mais profundo [...] e se trata basicamente de transformar o corpo em uma estátua divina, porque a pessoa morta foi transformada", resumiu.
A equipe de cientistas planeja divulgar o que diz ter sido um engano em uma exposição chamada Múmias Douradas do Egito (Golden Mummies of Egypt, em inglês), que abrirá na Sala de Exibição do museu em fevereiro de 2023.