"A Ucrânia sempre tem sido um país dividido. O noroeste e o centro faziam parte da República das Duas Nações [Comunidade Polaco-Lituana] e depois da Áustria-Hungria, por isso estavam orientados para o Ocidente. O sudeste, que fazia parte do Império Russo, estava orientado para o leste e a Rússia", afirmou o colunista da edição Ted Snider.
Segundo o jornalista, a divisão definitiva da Ucrânia se deu após o golpe de Estado de 2014. O Ocidente recusou a Putin a ajuda comum para a Ucrânia e depois, salientou o autor, começou o "cabo de guerra fatal".
Após o golpe de Estado, os EUA colocaram no poder na Ucrânia um presidente orientado para o Ocidente, e isso fez com que a Rússia abdicasse de sua política tradicional de concessões à nação vizinha.
Conforme Snider, há muito que a Ucrânia era vista como uma "potencial zona quente". É notável que ainda em 1991 em um documento norte-americano para uso oficial eram mencionadas recomendações para "adiar a questão de adesão da Ucrânia à OTAN para um tempo posterior".
Também se menciona que as autoridades do Reino Unido, ainda em 1993, avisaram o assessor de Segurança Nacional do presidente norte-americano Clinton, Anthony Lake, de que a adesão da Ucrânia à aliança seria uma "violação das linhas vermelhas mais notáveis com a Rússia".
O autor do artigo acrescentou que, ainda desde 2004, a política interna de Kiev demonstrava sinais de uma crise iminente. Assim, por exemplo, nas eleições de 2004 Viktor Yanukovich priorizava a cooperação com o Leste liderado pela Rússia, enquanto o seu oponente Viktor Yuschenko se orientava para os EUA e a Europa.
A primeira volta, sublinhou o autor, resultou em empate, o que demonstrou a divisão proporcional dos eleitores orientados para o Ocidente e o Leste. Contudo, a segunda volta foi realizada com "violações grosseiras" e a vitória de Yanukovich foi anulada pelo Supremo Tribunal ucraniano.
Foi então que, segundo Snider, a Ucrânia se tornou pela primeira vez um centro do confronto entre o Ocidente e o Leste, lançando os alicerces para uma nova guerra fria.
Desde 24 de fevereiro a Rússia está realizando uma operação especial para libertar Donbass dos nacionalistas de Kiev. O presidente russo Vladimir Putin declarou como seu objetivo "defender as pessoas que ao longo de oito anos têm sofrido intimidações e genocídio por parte do regime de Kiev".
Em 30 de setembro o líder russo assinou os tratados de adesão à Rússia das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Kherson e Zaporozhie. Vladimir Putin assegurou que a Rússia garantiria a segurança das novas regiões e reconstruiria a infraestrutura destruída pelas tropas ucranianas.