A Hungria bloqueou a convocação da reunião do comitê OTAN-Ucrânia de terça-feira (29) e não dará luz verde "até que a Ucrânia devolva os direitos dos húngaros na Transcarpátia", disse Peter Szijjarto, ministro das Relações Exteriores húngaro, em sua conta no Facebook (de propriedade da Meta, cujas redes sociais são proibidas na Rússia por serem consideradas extremistas).
"Não há nada de novo ou surpreendente em nossa posição", disse ele, em referência a um artigo de terça-feira (29) no jornal Financial Times, que dizia que a Hungria não queria que o homólogo ucraniano Dmitry Kuleba participasse de uma sessão formal completa da cúpula da OTAN em Bucareste, Romênia, que começou nesse dia e termina na quarta-feira (30).
Como resultado, o chanceler ucraniano só se juntou aos seus colegas da OTAN para jantar.
Szijjarto esclareceu que seu país não tem levantado a questão do respeito aos direitos dos húngaros étnicos em território ucraniano durante a operação militar especial da Rússia.
"Esperamos que a paz venha o mais rápido possível, e então esta questão poderá ser discutida novamente", disse ele.
A Hungria tem bloqueado as reuniões do comitê OTAN-Ucrânia a nível ministerial desde 2017 por causa do tratamento dado por Kiev à minoria étnica húngara na Transcarpátia, uma região na Ucrânia ocidental, também conhecida como Zacarpátia, que permaneceu sob domínio húngaro até o início do século XX, mas mudou de mãos várias vezes, e acabou se tornando parte da URSS após a Segunda Guerra Mundial.
As relações entre Kiev e Budapeste se deterioraram rapidamente depois que as autoridades ucranianas adotaram em 25 de setembro de 2017 uma controversa lei de educação, que restringiu fortemente os direitos das minorias étnicas a serem ensinadas nas escolas em sua língua materna.
Desde então, o comitê da OTAN-Ucrânia tem se reunido apenas em nível de representantes permanentes.