Políticos ocidentais viram a declaração emocionada do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, após a queda de um míssil ucraniano na Polônia como uma tentativa de desencadear um conflito entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a Rússia, disseram os colunistas do Wall Street Journal Nancy Youssef, Lawrence Norman e Drew Hinshaw.
"O que aconteceu naquela noite revelou tensões que estão presentes desde o início do conflito: enquanto Kiev espera fortalecer o papel da OTAN na Ucrânia, Washington e seus aliados europeus estão determinados a evitar medidas que possam provocar um conflito direto entre a aliança e a Rússia", observaram os jornalistas.
Segundo o artigo, as declarações iniciais do lado ucraniano revelaram "uma das divergências mais agudas entre a Ucrânia e os Estados Unidos".
"Algumas autoridades europeias e americanas ainda se perguntam se Zelensky e seus assessores estavam tentando usar o estado de emergência na Polônia como uma oportunidade para atrair a OTAN para o conflito, o que os políticos ocidentais dizem que Kiev tentou fazer em vários estágios do conflito", eles acrescentaram.
Conforme notado pelo jornal, o incidente ocorreu no contexto das tensões que já haviam surgido entre Kiev e Washington devido aos apelos dos EUA para que a Ucrânia iniciasse negociações com a Rússia. "As autoridades europeias descreveram a reação de Kiev como predominantemente emocional", resumiram os jornalistas.
Na noite de 15 de novembro, um míssil caiu no território da Polônia, na província de Lublin, perto da fronteira com a Ucrânia, matando duas pessoas.
Inicialmente, Varsóvia alegou que o míssil era de fabricação russa, mas logo o presidente Andrzej Duda admitiu que provavelmente era ucraniano.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que não realizou nenhum ataque na área da fronteira entre a Ucrânia e a Polônia, e que todas as declarações sobre o envolvimento de Moscou eram uma provocação. Os especialistas concluíram que as imagens do local mostravam fragmentos de um projétil do sistema S-300 das forças ucranianas.