Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm divulgado em massa nas redes sociais uma área do site do Exército Brasileiro como se fosse um alistamento de civis contra o resultado das eleições.
Entretanto, o cadastramento permitido na página "Reserva pró-ativa" não passa de inscrições que podem ser feitas para receber o informativo militar chamado "O Veterano".
A repercussão foi tanta, que o próprio Exército escreveu na área do site que o cadastramento "destina-se exclusivamente" para aqueles que querem receber o informativo.
"Foram observadas algumas postagens nas mídias sociais tratando do programa Reserva Pró-ativa do Exército Brasileiro, que não partiram de nossa Instituição, fazendo convocações equivocadas para cadastramento on-line no Portal do Exército. Sobre o assunto, informamos que o cadastramento no programa Reserva Pró-ativa destina-se, exclusivamente, para recebimento do informativo 'O Veterano', que trata de assuntos de interesse dos militares da reserva do Exército Brasileiro", diz a instituição militar em sua página oficial.
Mas de acordo com o UOL, políticos e influenciadores bolsonaristas estão promovendo o site como um "cadastramento para civis", incitando CACs (Caçadores, Atiradores Esportivos e Colecionadores) a se inscreverem.
Uma das "convocações" foi feita pelo ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, nomeado por Bolsonaro no mês passado para um mandato de quatro anos na presidência da Embratur.
O deputado federal reeleito General Girão Monteiro (PL-RN) afirmou, também no Twitter, que o Exército havia aberto um cadastramento "voluntário", para militares ou civis.
No entanto, depois voltou atrás dizendo que o cadastro "já existe há um tempo", mas não deixou de dizer que "temos convicção que aqueles homens e mulheres que são atiradores cadastrados como CACs podem sim fazer parte de um efetivo mobilizável para as Forças Armadas".
Além de nomes como Girão Monteiro e Gilson Machado, o "alistamento" para "lutar" contra o resultado das eleições foi também compartilhado pelo jornalista Rodrigo Constantino e pelo influenciador bolsonarista Luiz Galeazzo, conhecido nas redes como "Oi Luiz".
Em menos de um mês, o Exército Brasileiro se vê obrigado a lançar notas esclarecendo que materiais divulgados por bolsonaristas não estão alinhados com a instituição militar, ainda que a mesma seja citada.
Em novembro, o Exército lançou um comunicado interno desmentindo que generais "estavam impedindo intervenção militar" no país, conforme noticiado.