"Um remonta às eleições peruanas de 1989, quando [Alberto] Fujimori, um arrivista e engenheiro agrônomo, concorre com o literato, também oligarca, [Mario] Vargas Llosa. Fujimori ganha, e a partir daí há no Peru o arrefecimento da insurgência armada. Depois há o autogolpe de Fujimori [em 1992]. Quando acaba a ditadura fujimorista, que foi em parceria com as Forças Armadas, e assume Alejandro Toledo, na virada de 2000 para 2001, simplesmente o país já não tem um partido político que represente algum grau de estabilidade", explica o especialista.
"Se Castillo tivesse mais apoio popular, especificamente em escala nacional, e tivesse o apoio mobilizado em Lima, com canais de comunicação nas Forças Armadas, ele teria chance [de golpe]. É preciso reforçar isso."
"Creio que o Peru entrou em um grau de normalidade, onde é normal para a política peruana a crise no Poder Executivo. E com isso ganha uma autonomização o campo econômico, o que é muito perigoso. Porque o capital não está subordinado às regras do jogo do poder do país. Por isso os tratados de livre-comércio com China, com EUA, a presença de capital estrangeiro abundante fragilizam aquela sociedade e fragilizam os anteparos políticos", destaca Lima.