Panorama internacional

Ante crise energética, ministro australiano anuncia limitação de preços de carvão e gás do país

Para enfrentar o aumento dos preços da energia, o governo do primeiro-ministro australiano Anthony Albanese anunciou a alocação de US$ 1,5 bilhão para reduzir as contas de energia domésticas e de pequenas empresas a partir de abril de 2023. Além disso, o preço do carvão e do gás produzidos internamente seriam limitados por 12 meses.
Sputnik
O ministro da Energia, Chris Bowen, rejeitou as críticas ao plano do governo australiano de enfrentar o aumento dos custos de energia através da limitação dos preços do gás e do carvão e oferecendo descontos na conta de energia.
As objeções levantadas pela Associação Australiana de Produção e Exploração de Petróleo não foram "nem um pouco convincentes", disse Bowen em entrevista à mídia, acrescentando que "esse argumento realmente diz que acreditamos que precisamos de lucros tão altos quanto pudermos durante uma guerra, durante uma crise energética global, para que nossa indústria seja viável. Ninguém vai acreditar nisso porque simplesmente não é verdade [...] este é gás australiano em solo australiano, e os australianos deveriam pagar um preço justo e não um preço em tempo de guerra".
O ministro estava se referindo à operação militar especial em andamento da Rússia na Ucrânia, à qual os EUA, a Grã-Bretanha, a União Europeia (UE) e seus aliados responderam impondo sanções abrangentes a Moscou.
As consequências das restrições autodestrutivas exacerbaram vários problemas nos já voláteis mercados globais de energia e interromperam as cadeias de suprimentos em todo o mundo. Como resultado, o mundo viu preços de combustível recordes e uma onda de inflação que levou muitos países a recorrer a planos de contingência em meio a uma crise energética de grande envergadura.
Para lidar com a situação, o governo do primeiro-ministro australiano Anthony Albanese anunciou no dia 9 de dezembro que havia chegado a um acordo com os líderes estaduais e territoriais para apresentar um novo plano de quatro frentes:
Introduzir um teto de preço para o gás no valor de US$ 12 (cerca de R$ 62) o gigajoule;
Limitar o preço do carvão produzido internamente a US$ 125 (cerca de R$ 654) a tonelada por 12 meses;
Compensação para algumas empresas com geradores a carvão;
Desconto federal de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,8 bilhões) para reduzir as contas de energia.
O pacote para reduzir as contas de energia das famílias e pequenas empresas a partir de abril do ano que vem não vai ser um pagamento em dinheiro, mas na forma de subsídios à conta, cujos detalhes do mecanismo ainda não foram definidos.
O primeiro-ministro Albanese insistiu que os pagamentos em dinheiro apenas alimentariam ainda mais a inflação.
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Os controles de preço do carvão para clientes domésticos vão ser impostos pelos estados produtores de carvão, como Nova Gales do Sul e Queensland. No entanto, o teto do preço do gás é o que precisa ser legislado pelo governo federal, e é por isso que o parlamento está sendo convocado na próxima quinta-feira (15).
O ministro da Energia, Chris Bowen, argumentou que muitas empresas enfrentariam a falência sem as medidas, dizendo à mídia local que a ideia é mitigar os impactos dos insumos.
"Houve empresas e indústrias dizendo muito claramente que teriam muita dificuldade em sobreviver no próximo ano com os preços do gás e da eletricidade sendo o que eram [...] criamos um pacote muito, muito forte que lida com os dois principais insumos para esses preços elevados", afirmou o ministro.
Enquanto isso, a oposição declarou que o plano de ação do governo fracassaria. O líder da oposição e do partido Liberal, Peter Dutton disse que os limites de preços e descontos vão ser "catastróficos" para o mercado de energia. O porta-voz da oposição para a energia, Ted O'Brien, acrescentou que o problema é de método.
"Nossa visão na oposição é exatamente a mesma de quando estávamos no governo. Precisamos manter os preços baixos, as luzes acesas e os investimentos chegando. O problema aqui não é uma diferença de opinião sobre a necessidade de as indústrias terem energia barata ou as famílias terem energia barata. A diferença, em nosso ponto de vista, é como você faz isso. O governo disse que tinha um plano, que já falhou. Agora eles estão bolando um novo plano e estou lhe dizendo que vai fracassar", afirmou.
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