Panorama internacional

Teto de preços para exportação de petróleo russo não é 'nem viável nem exequível', diz especialista

É improvável que o teto de preços imposto pelo Ocidente ao petróleo bruto russo tenha um grande impacto nas exportações da Rússia e só vai levar a mais escassez no mercado global, disse o economista de energia internacional, Mamdouh Salameh, professor visitante de economia energética na Europe Business School em Londres, à Sputnik.
Sputnik
A União Europeia (UE) estabeleceu um teto de preços de US$ 60 (cerca de R$ 316) por barril para o petróleo bruto russo no dia 5 de dezembro. O teto vai ser revisado a cada dois meses para permanecer em 5% abaixo do valor de referência da Agência Internacional de Energia (AIE). As nações do G7 (composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e a Austrália também limitaram as exportações de petróleo da Rússia a US$ 60 por barril.

"O teto de preços ocidental para as exportações russas de petróleo não é viável nem exequível. Portanto, está fadado a falhar miseravelmente. Isso apenas criará confusão e aumentará a escassez no mercado global de petróleo", disse o especialista.

Além disso, o limite não vai ter o efeito desejado sobre o fornecimento de petróleo russo, já que Moscou é capaz de garantir e assegurar suas exportações sem assistência ocidental, observou Salameh.

"Além disso, a Rússia pode abastecer a China, seu maior cliente, por meio de oleodutos que conectam os dois países e também pela Rota Marítima do Norte, do Ártico russo à China, reduzindo o tempo de embarque pela metade", pontuou o especialista à Sputnik.

Salameh explicou que uma queda no preço do petróleo de grau Ural da Rússia — marca de óleo de referência usada como base para a precificação da mistura de óleo de exportação russa — abaixo do preço máximo de US$ 60 na véspera de sua introdução pode ser atribuída à incerteza no mercado global de petróleo.
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"O fato de o petróleo bruto nunca ser vendido no mercado a preços fixos causou muita confusão para os comerciantes de petróleo que não querem vender seus contratos de petróleo com prejuízo, nem querem 'cair' nas sanções", acrescentou.

Os países ocidentais têm procurado maneiras de limitar a receita da Rússia com as exportações de petróleo e gás desde que o país lançou sua operação militar especial na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro. Em setembro, os ministros das finanças do G7 confirmaram sua intenção de impor um teto de preços ao petróleo russo e instaram todas as nações a apoiar a iniciativa.
Em outubro, a UE introduziu o oitavo pacote de sanções contra Moscou, que incluía uma base legislativa para estabelecer um teto de preço para remessas marítimas de produtos refinados russos a partir de 5 de fevereiro de 2023.
O vice-primeiro-ministro russo Aleksandr Novak, comentando a decisão do Ocidente de introduzir o teto de preço, disse que Moscou não o aceitaria. A Rússia está pronta para trabalhar apenas com os consumidores que cumprem as condições do mercado, acrescentou Novak.
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