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Mega da Virada: matemático revela chances de levar o prêmio de R$ 450 milhões para casa

Com a maior premiação da história do concurso, a Mega da Virada deste ano sorteará R$ 450 milhões em 31 de dezembro. Em conversa com a Sputnik Brasil, especialistas falam sobre as chances de vencer o prêmio e sobre a popularidade dos sorteios de fim de ano no Brasil e na América Latina.
Sputnik
As loterias são amplamente populares não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina. As apostas são feitas ao longo de todo o ano, mas nas festividades de dezembro elas ganham uma adesão especial, tornando-se quase um ritual.
Familiares, amigos e colegas de trabalho se unem em bolões na esperança de acertar os números sorteados e obter o bilhete premiado capaz de tornar real a máxima "Ano novo, vida nova". Além de alimentar sonhos, as apostas são uma forma de confraternizar e estreitar laços.
No Brasil, as apostas para a Mega da Virada começaram no último dia 16, com o prêmio estimado em R$ 450 milhões, o maior da história das loterias da Caixa Econômica Federal.
Como de costume, o valor não será acumulado ao fim do sorteio. Se ninguém acertar os seis números, o prêmio será dividido entre aqueles que acertaram cinco números, e assim por diante.
Movimentação em loteria de São Paulo (SP), no dia 31 de dezembro, para a Mega da Virada. Foto de arquivo
A tentação de ficar milionário da noite para o dia é grande. Entretanto, segundo os cálculos do matemático Diego Viug, a melhor chance daqueles que estiverem dispostos a concorrer pelo prêmio é de 1 em 1.292.
Para isso, o apostador terá que desembolsar cerca de R$ 175 mil para jogar 20 dezenas, número máximo de aposta por cartela.
O valor da aposta simples, com seis números, custa apenas R$ 4,50, mas as chances de vencer são de 1 em 50.063.860. A conta é simples: quanto mais números marcar, maior o preço da aposta e maiores as chances de faturar o prêmio mais cobiçado do país.
Para jogar a Mega da Virada, basta marcar de 6 a 20 números entre os 60 disponíveis na cartela. O apostador ainda pode deixar que o sistema escolha os números, em uma aposta que ficou conhecida popularmente como "surpresinha".
Segundo Diego Viug, para acertar a quina e a quadra, o cálculo é um pouco menos intuitivo, "pois quem acerta as seis dezenas também ganha a quina e a quadra, assim como quem acerta cinco dezenas também acerta quatro".
Vale lembrar que o dinheiro da Mega da Virada já vem limpo, ou seja, com o Imposto de Renda descontado. É só passar nas agências da Caixa Econômica e correr para o abraço.

Apostas trazem esperança de mudança de vida

O argentino Pablo Figueiro, mestre em sociologia econômica, explica à Sputnik Brasil que "existe toda uma indústria de loterias em torno das datas de Natal, Ano-Novo e Dia de Reis". Segundo ele, o motor propulsor dessa indústria é a esperança de mudar de vida por meio de uma aposta de valor acessível.
"São bastante acessíveis a um custo muito baixo, por isso sempre foram uma prática popular, principalmente em datas significativas", explica Figueiro.
Ele acrescenta que com as apostas "o lugar de esperança na vida social é posto de volta à mesa" e os apostadores passam a fantasiar e especular o que farão com o grande prêmio. Nessa linha, as apostas representam uma espécie de "salvação".
"Os jogadores fantasiam não ter de trabalhar mais, poder dizer o que se pensa ao patrão, ir viver em outro país ou começar um projeto."
Apostadores de última hora fazem jogos da Mega da Virada, acumulada em R$ 280 milhões, em São José dos Campos (SP), em 31 de dezembro de 2018. Foto de arquivo
Nesse contexto, a busca pela salvação econômica por meio da sorte tem um apelo especial nas camadas mais populares, com poucos recursos para lidar com a vida. "A sorte ocupa um lugar mais importante [nessas camadas] porque, justamente, é o último recurso ao qual recorrer", explica Figueiro.
Segundo ele, também há uma dimensão simbólica nas apostas. "Os números têm uma virtude muito particular: representam sempre outras coisas". "Os jogadores os definem com base nas suas situações do dia a dia, nos seus sonhos, nas suas experiências."

Quanto valem os prêmios em outros países da região?

Na Colômbia, o chamado Sorteio Extraordinário de Natal ofereceu neste ano, na última sexta-feira (9), prêmios de até 20 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 22 mil);
Na Argentina, o Gordo de Natal, marcado para ser sorteado no dia 23, vai pagar 115 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 3,5 milhões);
No Uruguai, o Gordo de Réveillon, que será sorteado no dia 30, vai pagar 160 milhões de pesos uruguaios (cerca de R$ 22 milhões);
Na Bolívia, a Loteria de Natal, com sorteio marcado para o dia 28, oferece um prêmio de 500 mil pesos bolivianos (cerca de R$ 384 mil);
No Chile, o Kino sorteia ao longo de todo o mês de dezembro carros e prêmios de 1 milhão de pesos chilenos (cerca de R$ 6.200).

Lucro para o Estado

Mas não são apenas os ganhadores das apostas que lucram com as loterias de fim de ano. Os valores pagos também funcionam como uma forma de arrecadação para os Estados.
Cada país tem uma taxa tributária em cima do montante. México, Peru e Brasil têm as menores alíquotas, com 7%, 10% e 13,8%, respectivamente. No Chile o imposto sobe para 17%, e na Colômbia a alíquota chega a 20%.
O maior percentual é cobrado pela Argentina, que impõe uma taxa tributária de 31% sobre o total ganho.
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