O Peru continua abalado pela crise política dos últimos dias. Dois ministros peruanos deixaram seus cargos após protestos públicos que já causaram a morte de vários manifestantes — dados oficiais apontam que há pelo menos 21 óbitos, incluindo menores de idade.
Na sexta-feira (16), o Congresso peruano se recusou a convocar eleições gerais em 2023 para escolher presidente, vice-presidente e os 130 membros do Parlamento. O projeto não obteve nem os 87 votos necessários para aprovar a demanda, nem os 66 votos que permitiriam a realização de um referendo.
Diante do resultado, Boluarte disse que não renunciará e pressionou os legisladores a repensarem a decisão.
16 de dezembro 2022, 01:22
"Devem ter visto ontem a votação no Congresso. Ao que tudo indica, querem bloquear a possibilidade de antecipar as eleições. O Congresso tem que refletir, trabalhar e agir em prol do país. 83% da população quer eleições antecipadas", disse Boluarte.
"Sem vinganças políticas, sem interesses pessoais. Não sejam cegos, olhem para a população e ajam de acordo com o que a população está exigindo de vocês. Já fizemos nossa parte, apresentamos o projeto de lei para antecipar as eleições", completou.
Manifestantes seguem mobilizados nas ruas de diversas regiões do país pedindo a renúncia de Boluarte, eleições gerais antecipadas e o fechamento do Congresso.
#PUNO | Centenas de cidadãos de Copani marcharam até a capital provincial de Yunguyo, exigindo o fechamento do Congresso, uma nova Constituição e a libertação de Pedro Castillo. #VocesComunitarias Fotos: Rádio Pachamama
O advogado Stuardo Ralón, relator da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) no Peru, usou as redes sociais neste sábado (17) para condenar a violência contra manifestantes no país.
"Como relator da CIDH para o Peru, expresso minha condenação pelas mortes ocorridas, no contexto da crise política e das manifestações no Peru. Os fatos devem ser apurados e os responsáveis punidos. Minha solidariedade às famílias das vítimas", disse Ralón.
Os protestos no Peru começaram após o impeachment do presidente Pedro Castillo e sua detenção. As autoridades declararam estado de emergência no país por 30 dias, o que autoriza o uso das Forças Armadas para o restabelecimento da ordem pública. Até o momento, pelo menos 21 pessoas morreram, entre manifestantes e agentes de segurança, em decorrência dos protestos.