Pilotos e comissários de bordo iniciaram uma paralisação na manhã desta segunda-feira (19) em protesto por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A greve foi organizada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).
A paralisação ocorre em aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas (SP), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Fortaleza (CE). O horário das paralisações será das 06h00 às 08h00, todos os dias, sem prazo para encerrar.
O SNA argumenta que o aumento nos preços das passagens beneficiou empresas aéreas, mas as condições de trabalho dos pilotos e comissários seguem precárias, o que representa um risco para a tripulação e para os passageiros.
"É óbvio que um tripulante cansado e mal remunerado pode representar um risco à aviação", disse a nota do sindicato ao comunicar a decisão de iniciar a greve.
As demandas da categoria são: recomposição das perdas inflacionárias; melhorias nas condições de trabalho; renovação da convenção coletiva de trabalho; e definição dos horários de início de folgas e cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos.
Na última quinta-feira (15), o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) divulgou uma nota contestando os argumentos do SNA. A nota afirma que "o preço das passagens foi fortemente afetado nos últimos anos por conta de pandemia, conflitos na Europa, desvalorização do real frente ao dólar e aumento do preço do petróleo".
"O querosene de aviação (QAV) aumentou 118% na comparação com o ano de 2019 e hoje representa mais de 50% dos custos, que por sua vez têm uma parcela de cerca de 60% dolarizada", diz a nota.
As negociações em torno das demandas foram iniciadas há pelo menos dois meses, sem se obter consenso. Na madrugada do último domingo (18), pilotos e comissários discutiram em uma reunião virtual a proposta das empresas aéreas apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que previa a reposição de 100% da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais um aumento real de 0,5% nos vencimentos. Segundo o SNA, dos 5,7 mil votantes, 76,4% rejeitaram o acordo.
Ao divulgar a decisão, o SNA afirmou que "a categoria conta com o apoio da sociedade e com o bom senso das empresas aéreas para que transtornos sejam evitados".
"A proposta feita pelo sindicato patronal não atendeu às reivindicações dos aeronautas, e, portanto, a negociação viu-se frustrada. Em nome dos aeronautas, o sindicato ressalta que a preocupação primordial é com o respeito aos passageiros e com a segurança de todos", disse o sindicato.