A situação real na Ucrânia demonstra que Kiev não conseguirá ganhar em termos militares, enquanto Moscou nunca sofrerá uma derrota total, escreveram em um artigo para o jornal francês La Tribune os especialistas do grupo de análise Mars.
Os autores revelam que existe um cenário "ideal" para o Ocidente, de acordo com o qual o Kremlin deve abdicar totalmente de sua operação militar na Ucrânia, reconhecer os erros na análise do equilíbrio de forças e retirar as tropas para além das fronteiras "internacionalmente reconhecidas".
Contudo, na realidade a Rússia já integrou a Crimeia, Donbass e as regiões de Kherson e Zaporozhie após lá terem sido organizados os respectivos referendos. A edição sublinha que a Rússia está determinada a nunca abdicar dos territórios que se expressaram a favor de sua adesão a ela.
Além disso, a Ucrânia está econômica e demograficamente destruída, tendo sua população de 45 milhões se tornado vítima de erros políticos e fracassos diplomáticos das autoridades ao longo dos últimos 30 anos.
"Será que devemos continuar insistindo no erro? Será que devemos continuar convencendo as autoridades ucranianas da ilusão sobre sua vitória militar definitiva? Será que devemos continuar prometendo uma punição para Putin empurrando-o para um canto como em um ringue?", questionam os colunistas.
Para concluir, o artigo destaca que o objetivo dos aliados ocidentais não implica que a Rússia seja derrotada. Pelo contrário, o Ocidente deve reconhecer que a Rússia, tal como a Ucrânia, tem o direito de determinar seu destino. Para isso, é preciso construir uma arquitetura de segurança europeia que providencie garantias reais de segurança tanto para a Ucrânia como para a Rússia, salientam os autores.
Em 24 de fevereiro, a Rússia iniciou uma operação militar na Ucrânia em resposta aos pedidos de ajuda das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL).
As delegações russa e ucraniana se envolveram em rodadas de negociações de paz desde então, mas as negociações foram interrompidas em maio deste ano.