Após ser oficialmente anunciado como sendo a autoridade que ocupará a chefia do Ministério das Relações Exteriores sob o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Mauro Vieira concedeu algumas declarações acerca dos trabalhos da pasta para o ano que vem.
O futuro ministro afirmou que a "ampliação do Mercosul" é importante, acrescentando que a nova administração vai apoiar o retorno da Venezuela ao bloco e a entrada da Bolívia.
"Vamos apoiar o retorno da Venezuela ao Mercosul. Eles não tinham ainda cumprido alguns requisitos, são alguns requisitos legais, [mas] não sabemos como está a coisa por não termos ninguém em Caracas. A Bolívia quer entrar no Mercosul e o acordo está no Congresso, que precisa aprovar. Sem dúvida o governo vai apoiar. A ampliação do Mercosul é importante", afirmou Vieira, citado pelo portal UOL.
Entretanto, o diplomata ressaltou que não "vê sentido" ou necessidade em uma viagem de Lula à Venezuela, Cuba ou à Nicarágua logo no começo do mandato, a não ser que "tenha algo a ser negociado".
"[…] Por enquanto, não. Tem que esperar um pouco mais. Não vejo o porquê [...] do presidente ir no curto prazo à Venezuela, eu não vejo [necessidade], e à Nicarágua, menos ainda. Não tem nenhum sentido. Havana não tem problema, não rompemos relações. Mas não vejo motivo, neste momento, para viagem a Cuba. Se for negociado algo, se tiver motivo, sim."
Ao mesmo tempo, Vieira relembrou os tempos do ex-chanceler do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, quando estava na chefia a pasta e disse que se "surpreendeu com o nível de maluquice e neurose" de Araújo.
"Eu me surpreendi com o nível de neurose, de maluquice. Nunca vi igual. As ideias me surpreenderam muito. Nunca pude imaginar que ele [Araújo] acreditasse que a terra é plana, que o globalismo é o mal do mundo. É uma coisa quase religiosa. Ele era uma pessoa muito fechada, calada", declarou.
Vale lembrar que ao assumir a presidência da República em 2019, Jair Bolsonaro "fez questão de humilhar" Vieira (que já foi embaixador na Argentina, EUA, ONU e chanceler durante o segundo mandato de Dilma Rousseff) o direcionando a um posto de categoria inferior na Embaixada do Brasil na Croácia, relembra o jornal O Globo.
Na época, o diplomata pediu ao mandatário que o enviasse para Atenas, na Grécia, mas o presidente rechaçou essa possibilidade.