O ano de 2022 teve derramamento de sangue na Etiópia e disputas diplomáticas entre as potências mundiais na Ucrânia e Taiwan provocadas pela ambição norte-americana de voltar a figurar como soberano na política mundial, papel que está perdendo para a China.
Síria
A Síria segue sofrendo com uma guerra civil de 11 anos devido à presença do terrorismo internacional, que já provocou a morte de mais de 380 mil pessoas, além de outros 200 mil desaparecidos. O presidente do país Bashar al-Assad chegou a dominar grande parte do território, contudo, ainda enfrenta grande resistência de grupos militantes e radicais em diversas regiões.
Soldado americano carrega lançadores de mísseis Javelin durante exercício conjunto com as Forças Democráticas da Síria (FDS) no interior de Deir ez-Zor, na Síria, em 8 de dezembro de 2021
© AP Photo / Baderkhan Ahmad
Iêmen
A guerra do Iêmen continua devastando a região. Uma guerra que deveria durar apenas algumas semanas, tornou-se um conflito de oito anos. O conflito ainda conta com a participação das inteligências dos EUA, Reino Unido e França.
Pessoas inspecionam os destroços de edifícios que foram danificados por ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita, em Sanaa, Iêmen, terça-feira, 18 de janeiro de 2022
© AP Photo / Hani Mohammed
Israel e Palestina
Os conflitos entre Israel e Palestina ocorrem desde a década de 1940 e têm como principal causa o controle da Palestina. O mais recente capítulo contou com uma guerra entre Gaza e Israel, considerada como a mais destrutiva em mais de uma década. Os conflitos já provocaram a morte de 175 palestinos em 2022, além de mais de nove mil feridos.
Conforme dados divulgados em dezembro pelo Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, 135 palestinos foram mortos por Israel na Cisjordânia em 2022 e o restante na Faixa de Gaza.
Enquanto isso, 9.327 ficaram feridos na margem ocidental do Jordão e 384 no enclave costeiro, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.
Durante o período, 19 israelenses foram mortos e 260 feridos por ações palestinas.
A ONU também declarou que 2022 foi o ano mais mortal para os palestinos na Cisjordânia, desde 2006, em meio a uma nova mudança para a extrema direita no país, havendo, inclusive, uma certa preocupação com o uso de força em excesso por Israel na região.
Uma das principais mudanças na Cisjordânia em 2022 foi o crescimento de pequenos grupos de resistência armados centrados nas cidades de Jenin e Nablus.
Embora esses grupos sejam limitados em termos de capacidades, eles têm se concentrado em entrar em confronto com as forças israelenses em resposta aos ataques quase diários de Israel.
Após uma série de ataques individuais em Israel em março, os israelenses lançaram uma campanha militar, com ataques quase diários e prisões em massa nestas regiões.
Durante sua visita a Israel, em julho, Biden afirmou que uma solução de dois Estados parecia ser "inatingível".
Em agosto, os caças israelenses lançaram uma onda de ataques aéreos contra Gaza, provocando uma resposta com foguetes das forças palestinas.
Uma salva de foguetes é disparada da Cidade de Gaza em direção a Israel, em 6 de agosto de 2022
© AP Photo / Mohammed Abed
Etiópia
Vale destacar que o conflito na Etiópia, iniciado em 2020, é um dos mais brutais no mundo, envolvendo a disputa entre diferentes grupos étnicos que tentam conviver há quase 30 anos. O país viveu por anos uma longa disputa territorial com a vizinha Eritreia, contudo, o político Abiy Ahmed acabou com o sofrimento do povo local, bem como com a disputa, removendo os líderes acusados de corrupção e repressão.
Apesar das boas intenções, os políticos de Tigré se oposuram às políticas de Abiy, e consideraram as eleições no país como ilegais, o que resultou na retomada dos conflitos com a vizinha Eritreia.
Militares carregam um soldado ferido até o Centro de Reabilitação de Mekele, capital da região de Tigré, Etiópia
© AFP 2023 / Yasuyoshi Chiba
Sahel
A África está virando palco de conflitos entre os países e os jihadistas, cuja presença está se estendendo ao norte de Mali, Nigéria e áreas rurais de Burkina Faso.
Militares do Chade desfilam pelas ruas da capital do país, N'Djamena, em 11 de dezembro de 2015
© AFP 2023 / BRAHIM ADJI
Líbia
O país sofre com os conflitos entre duas gangues, que tiveram início em 24 de dezembro de 2021, dia em que as eleições deveriam ser realizadas no país. Um processo de paz segue sendo negociado pela Rússia, Turquia e ONU.
Resíduos da indústria petroleira são queimados em Brega, Líbia
© Sputnik / Andrei Stenin
/ Moçambique
Em Cabo Delgado, no norte do país, a violência segue se espalhando, fazendo com que diversas famílias deixem seus lares. Mesmo com a recuperação de territórios e a dispersão dos grupos terroristas, ataques isolados continuam sendo realizados.
Soldadas ruandesas patrulham na cidade portuária de Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, em 13 de agosto de 2021
© AFP 2023 / EMIDIO JOZINE
EUA, China e Taiwan
Depois da retirada das tropas americanas do Afeganistão, os EUA anunciaram um novo pacto com a Austrália e Reino Unido para contra-atacar a ascensão da China, considerada não apenas como uma forte concorrente, como também adversária, já que ameaça seriamente a "soberania e hegemonia" americana.
A visita da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, foi um dos atos que elevou as tensões na região. Na ocasião, Pequim considerou a visita uma afronta e uma demonstração de que os EUA estavam dispostos a interferir nos assuntos chineses.
A visita de Pelosi a Taiwan aconteceu entre 2 e 3 de agosto, tornando-se a primeira viagem de um presidente da Câmara dos Representantes norte-americana a Taiwan desde 1997. Assim, Nancy Pelosi se tornou a funcionária norte-americana do nível mais alto a visitar a ilha em 25 anos. Enquanto o líder chinês Xi Jinping avisou os EUA de que "quem brinca com o fogo só se queima", a administração norte-americana se distanciou da visita, afirmando que Pelosi toma decisões por conta própria.
Com isso, os americanos seguem investindo em uma política de alto risco, criando tensões entre países vizinhos, como China e Taiwan, para desestabilizar não apenas a região, como também seus concorrentes, aumentando seu potencial de lucro com a venda de equipamentos militares e abocanhando mercados em outras regiões, enquanto causa destruição e perdas.
A video call between presidents Joe Biden and Xi Jinping on the Russia-Ukraine situation and bilateral issues took place on March 18, 2022
© Foto / Twitter/ @AmbQinGang
Ucrânia e Rússia
Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o início de uma operação militar especial para desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. Durante a operação, o Exército russo, junto com as forças das repúblicas de Donetsk e Lugansk, libertou completamente a República Popular de Lugansk e uma parte significativa da república de Donetsk, inclusive Volnovakha, Mariupol e Svyatogorsk, bem como toda a região de Kherson, áreas de Zaporozhie junto do mar de Azov e uma parte da região de Carcóvia.
De 23 a 27 de setembro, a RPD, RPL e regiões de Kherson e Zaporozhie realizaram referendos sobre a adesão à Federação da Rússia, com a maioria da população votando a favor. Em 30 de setembro, durante uma cerimônia no Kremlin, o presidente russo assinou os acordos sobre a integração das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e regiões de Kherson e Zaporozhie à Rússia. Após aprovação por ambas as câmaras do parlamento russo, os acordos foram ratificados por Putin no dia 5 de outubro.
Canhão autopropulsado russo Gvozdika atua na região de Kherson, dezembro de 2022
© Sputnik / Yevgeny Biyatov