"[A viagem ao Brasil] é uma ocasião extremamente importante para a presidente [Dina Boluarte] levar pessoalmente a mensagem de normalidade democrática e constitucional que existe no Peru e exercer a diplomacia presidencial, que é importante", disse Ana Cecília Gervasi à Agência Andina.
Nesse sentido, a chanceler explicou que a posse do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva "é um ato político realizado pelos dirigentes no exterior, além de ser um ato protocolar".
"Um total de 120 delegações já confirmaram presença na transmissão, que será realizada no dia 1º de janeiro, participam os chefes de Estado de todos os países sul-americanos, exceto a Venezuela, assim como a Espanha, que será representada pelo rei [Felipe VI], Honduras, Panamá, El Salvador e China, que serão representados por seus vice-presidentes", afirmou.
Nas palavras da diplomata, a viagem da presidente contribuiria significativamente "para afastar certas dúvidas que alguns países possam ter sobre o que aconteceu constitucionalmente no Peru". Além disso, qualificou esta ideia como uma "mensagem política" que pretende mostrar uma normalidade democrática constitucional do país.
Cúpulas da CELAC e da Aliança do Pacífico
A chanceler confirmou que a presidente peruana deve participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que vai ser realizada em Buenos Aires no dia 24 de janeiro.
"Trata-se de um mecanismo intergovernamental de diálogo político que também é extremamente importante e esperamos que a presidente [Boluarte] possa participar", afirmou.
Gervasi acrescentou que a presença de Dina Boluarte neste tipo de fórum vai lhe permitir transmitir a mensagem política de que o Peru é um país democrático no qual houve uma mudança constitucional de poder perfeitamente legítima e que, além disso, é um país que respeita os direitos humanos e se preocupa com o bem-estar de sua população.
Sobre a transferência da presidência interina da Aliança do Pacífico para o Peru, a ministra destacou que pelas regras desse bloco regional ela deve ocorrer em janeiro de 2023.
"Portanto, estamos trabalhando para que isso aconteça", disse ela.
No dia 7 de dezembro, o então presidente Pedro Castillo dissolveu o Congresso, que pela terceira vez tentou destituí-lo. Apesar da dissolução do Parlamento, os legisladores se reuniram e aprovaram o impeachment de Castillo, ignorando os regulamentos, segundo vários especialistas.
A liderança do país foi assumida pela vice-presidente Dina Boluarte, seguindo o princípio da sucessão constitucional. Os manifestantes exigem a saída de Boluarte e dos parlamentares e exigem a realização de eleições gerais antecipadas, já que estavam marcadas para 2026.