O brasileiro George Santos, eleito deputado pelo Partido Republicano nas eleições legislativas de novembro nos EUA, será alvo de um inquérito aberto na quarta-feira (28), pela promotoria do condado de Nassau, no estado de Nova York.
Segundo noticiou a Associated Press, Santos é investigado por ter mentido sobre sua formação profissional, seu currículo acadêmico e sua origem familiar durante a campanha eleitoral.
De acordo com a promotora distrital do condado de Nassau Anne T. Donnelly, as invenções e inconsistências de Santos eram "nada menos que impressionantes".
"Os residentes do Condado de Nassau e outras partes do terceiro distrito devem ter um representante honesto e responsável no Congresso. Se um crime foi cometido neste condado, vamos processá-lo", disse a promotora.
Embora tenha admitido a longa lista de mentiras, Santos não sinalizou que pretende deixar o cargo.
"Foi uma honra visitar a Academia da Marinha Mercante dos Estados Unidos em Kings Point hoje. No Congresso, estou ansioso para trabalhar ao lado deles para utilizar totalmente esse recurso incrível que temos em nosso próprio quintal em #NY03", escreveu Santos, em uma recente postagem no Twitter sobre uma visita à Academia da Marinha Mercante dos EUA.
A postagem foi alvo de críticas. Um advogado respondeu ao tuíte questionando se Santos "passaria a dizer às pessoas que é capitão do mar". Outros internautas também ironizaram o brasileiro, o que elevou a pressão sobre o Partido Republicano, uma vez que Santos é trumpista declarado.
Alguns integrantes do Partido Republicano vieram a público condenar as mentiras de Santos, como Joseph G. Cairo, presidente do Comitê Republicano do Condado de Nassau.
"O congressista eleito George Santos quebrou a confiança do público ao fazer declarações falsas sobre sua formação, experiência e educação, entre outras questões", disse Cairo.
Filho de imigrantes brasileiros, Santos dizia em campanha ter estudado na Baruch College. Porém, ele admitiu que não se formou na universidade, após vir à tona que não foram encontrados registros de nenhum aluno com seu nome na instituição. Ele também admitiu que nunca trabalhou nas empresas Citigroup e Goldman Sachs, que também constavam em sua biografia de campanha. As duas empresas confirmaram que ele jamais fez parte de seus quadros de funcionários.
Já sobre a origem familiar, Santos disse que sua mãe, Fatima Devolder, de origem judia, nasceu no Brasil filha de imigrantes que fugiram da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, uma investigação feita pelo jornal The Forward apontou que os pais de Fatima Devolder nasceram no Brasil antes da Segunda Guerra Mundial.
Em paralelo, outra investigação, feita pelo The New York Times, revelou que Santos foi alvo de um processo criminal em 2008, por usar cheques roubados para comprar itens em uma loja da cidade de Niterói, na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Na época, Santos tinha 19 anos de idade. Segundo o jornal, o processo está paralisado porque Santos não compareceu ao tribunal. Santos nega ser procurado por qualquer autoridade da América do Sul.