"Recebi hoje a missão de comandar a Petrobras pelos próximos anos. Muito me honra a escolha do presidente Lula que coloca sobre mim a responsabilidade de conduzir uma empresa que é patrimônio de todos os brasileiros", disse Jean Paul Prates em um comunicado à imprensa.
Prates é especialista no setor de energia e foi um dos coordenadores do grupo que discutiu o tema durante a transição.
Senador pelo estado do Rio Grande do Norte, Prates indicou em entrevistas recentes que política de preços dos combustíveis é "assunto de governo, e não apenas de uma empresa de mercado".
Hoje, ao definir o valor de venda do diesel e da gasolina para as distribuidoras, a Petrobras segue o Preço de Paridade Internacional (PPI), que consiste em seguir o preço de comercialização desses combustíveis no resto do mundo. O método é criticado pelo partido de Lula e seus aliados.
O preço dos combustíveis está entre os primeiros desafios que Lula vai enfrentar ao assumir o governo, daqui a dois dias. A suspensão de impostos federais, criada por Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, deixa de valer no sábado (31).
O impacto para o consumidor vai ser de R$ 0,69 por litro na gasolina, R$ 0,26 no etanol e R$ 0,33 no diesel.
O futuro presidente da Petrobras disse também que sua prioridade à frente da Petrobras é construir caminhos para a transição energética da empresa.
"Vejo a Petrobras como uma empresa que precisa olhar para o futuro e investir na transição energética para atender às necessidades do país, do planeta e da sociedade, além dos interesses de longo prazo de seus acionistas", afirmou.
Polêmica?
Enquanto aguarda aprovação do conselho da estatal, a indicação de Jean Paul Prates pode parar na Justiça em razão da da Lei das Estatais.
A legislação, replicada no Estatuto da Petrobras, proíbe a indicação para presidência, diretoria ou conselho "de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses (três anos), como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral".
Na campanha, o senador buscou se afastar formalmente de cargos e não assumiu a coordenação dos processos. O PT entende que as contribuições intelectuais ao longo da campanha não caracterizam o impedimento da lei.
Segundo o jornal O Globo, há um parecer preparado por sua assessoria jurídica para argumentar a favor da indicação. A oposição a Prates poderia vir principalmente de um grupo de conselheiros representantes dos acionistas minoritários.