Milhares de pessoas perderam suas vidas no leste da Ucrânia desde 2014 porque o Ocidente tratou os Acordos de Minsk como papel de rascunho, disse o vice-presidente da Câmara Alta do Parlamento da Rússia neste sábado (31).
O senador Konstantin Kosachev reagiu a uma admissão do ex-presidente francês François Hollande de que os acordos de Minsk eram na verdade uma manobra para ganhar tempo a fim de que o governo de Kiev fortalecesse suas Forças Armadas.
Este movimento deve ser creditado pela "resiliência bem-sucedida" da Ucrânia à Rússia no conflito em curso com seu vizinho, acrescentou.
Hollande repetiu uma declaração da ex-chanceler alemã Angela Merkel, que recentemente descreveu os acordos de Minsk como "uma tentativa de dar tempo à Ucrânia" para fortalecer suas Forças Armadas.
Os acordos Minsk-1 e Minsk-2 foram assinados em 2014 e 2015 após a mediação da Alemanha, França e Rússia.
Eles foram projetados para pôr fim aos combates entre Kiev e as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL), dando-lhes um status especial dentro do Estado ucraniano.
O fracasso de Kiev em implementar esses acordos foi citado como uma das razões para Moscou lançar sua operação militar em 24 de fevereiro.
"Para o Ocidente, a integridade territorial da Ucrânia tem tudo a ver com o controle da terra e não com a obtenção de consenso social. É sobre território, não pessoas. É sobre violência, não negociações", declarou Kosachev. Essa abordagem "contradiz diretamente os chamados valores europeus", acrescentou.
O senador observou que as atitudes ocidentais em relação à integridade territorial do Reino Unido e da Espanha foram completamente diferentes em face da pressão da Escócia e da Catalunha pela independência.
"As confissões de Merkel e Hollande são uma formalização da traição… O preço dessa traição são milhares de vidas humanas perdidas nos últimos oito anos de guerra civil na Ucrânia. A guerra civil que o Ocidente não parou tratando os acordos de Minsk como papel de rascunho", afirmou.
Segundo estimativas da ONU, mais de 14 mil pessoas foram mortas em Donbass entre 2014 e o início de 2022.
O único coautor dos acordos de Minsk que genuinamente tentou atuar como fiador foi a Rússia, afirmou o senador.
Moscou ficou do lado do povo e deixou de lado a questão territorial enquanto "ainda fosse possível implementar o acordo de Minsk", acrescentou.
A República Popular de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL), bem como as regiões de Zaporozhie e Kherson, juntaram-se ao Estado russo após a realização de referendos.
Kiev e seus apoiadores ocidentais chamaram os votos de "farsa" e se recusaram a reconhecer os resultados.