Ciência e sociedade

Astrônomos podem ter resolvido o mistério das enormes bolhas sobre a Via Láctea

Em 2010 o Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi da NASA descobriu duas estruturas gigantes acima e abaixo do plano galáctico da Via Láctea. Estas formações se estendem por 25.000 anos-luz e foram chamadas de "bolhas Fermi".
Sputnik
Estas bolhas gigantes e simétricas brilham na luz de raios gama – as mais altas faixas de comprimento de onda de energia no espectro eletromagnético. Mais tarde, em 2020, um telescópio de raios X chamado eROSITA encontrou outra surpresa: bolhas ainda maiores que se estendem por mais de 45.000 anos-luz de cada lado do plano galáctico, emitindo desta vez raios X, menos energéticos.
Os cientistas chegaram à conclusão que ambos os conjuntos de bolhas são provavelmente o resultado de algum tipo de explosão ou explosões do centro galáctico e do buraco negro supermassivo aí situado. No entanto, tem sido mais difícil identificar o mecanismo que produz a radiação gama e X.
Agora, usando simulações, o físico Yutaka Fujita, da Universidade Metropolitana de Tóquio, no Japão, apresentou uma explicação única que ilustra o surgimento dos dois conjuntos de bolhas de uma só vez, escreve Science Alert.
Ele descobriu que a emissão de raios X é o produto de um vento potente e rápido que colide com o gás tênue que preenche o espaço interestelar, produzindo uma onda de choque que reverbera de volta através do plasma, causando-lhe aquele brilho energético.
O buraco negro supermassivo Sagittarius A*, situado no centro da Via Láctea, também tem um papel principal a desempenhar neste processo, uma vez que um buraco ativo pode causar os mais variados tipos de efeitos no espaço ao seu redor.
À medida que o material cai em direção ao buraco negro, ele aquece e brilha como luz. Uma parte do material é levado ao longo de linhas do campo magnético fora do buraco negro, que atuam como um sincrotron para acelerar as partículas a uma velocidade próxima à da luz. Estas partículas são lançadas como poderosos jatos de plasma ionizado dos polos do buraco negro e são ejetadas no espaço por até milhões de anos-luz de distância.
Além disso, há ventos cósmicos: correntes de partículas carregadas que são chicoteadas pelo material que orbita o buraco negro e em seguida são lançadas para o espaço.
Em suas simulações Fujita considerou os ventos rápidos que fluem do buraco negro injetando a energia necessária no gás que rodeia o centro da galáxia. Os astrônomos compararam os resultados com os perfis medidos, descobrindo que era provável que as bolhas fossem produzidas por esses ventos rápidos do buraco negro, soprando a 1.000 km por segundo ao longo de dez milhões de anos. Esses ventos não são parecidos com os que temos na Terra, são fluxos de partículas altamente carregadas que viajam em altas velocidades, se propagando pelo espaço.
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