"O discurso do Lula deixa muito claro que o Brasil vai olhar com atenção para o entorno regional e a integração voltará a ser uma prioridade", aponta Paulo Velasco, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
"Tenho certeza que a integração regional será uma prioridade no governo Lula. As próprias manifestações do governo Lula já dão a direção para o projeto de integração regional. Não apenas pela própria fala do Lula em seu discurso de posse, bem como pelas delegações que chegaram ao Brasil. Muitas do continente africano, mas também, e principalmente, da América Latina. Já há um esforço, uma direção. [...] Há um movimento de fazer com que a integração regional passe por um processo de reconstrução e, principalmente, tenha destaque relevante, seja pelo Mercosul, pela reconstrução da Unasul ou pela própria CELAC", indicou.
"A América Latina tem vivido, na verdade, um cenário bastante caótico nos últimos anos. Se a gente pega de 2019 para cá, tem sido um quadro de turbulência, de convulsão social; Chile, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Venezuela… Além disso, instabilidades econômicas bastante profundas na Argentina. É uma região marcada por desconcertos, instabilidade, convulsão social. [...] [Por isso] é importante que os Estados da região deem as mãos", pontuou Velasco.
"O fato de o Brasil ter recebido manifestações [de solidariedade] de diversos países vizinhos, mas também de países europeus, dos EUA, da Ucrânia, da Rússia e da China, manifesta o apoio à democracia e a importância que o Brasil tem e possui não apenas na integração regional, mas como um dos países de mediação e negociação no sistema internacional", completou.
"Isso pode diminuir em termos de latência com a participação do Brasil. Não apenas no sentido de mediação e negociação entre os países, em que o Brasil é excelente — tem um trabalho historicamente muito bem executado pelo Itamaraty. Além disso, o Brasil tem um presidente que gosta de lançar o Brasil cada vez mais no sistema internacional, e é um presidente que exerce uma diplomacia presidencial", aponta Fontes.