Notícias do Brasil

Após prisões, bolsonaristas vivem clima de 'paranoia' com 'infiltrados' em redes sociais, diz mídia

O bloqueio de vários grupos em aplicativo de mensagem e prisões decretadas pelo STF, fazem com que bolsonaristas corram contra o tempo para encontrar nova opção de comunicação, ao mesmo tempo que desconfiam de infiltrados nas redes pedindo "filtro" para entrada nos grupos.
Sputnik
Com a derrubada de dezenas de grupos bolsonaristas no Telegram determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido às invasões no domingo (8), as redes de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro foram pegas de surpresa e o fato gerou uma corrida a alternativas, como o aplicativo de mensagens Signal.
No entanto, mais do que encontrar aceleradamente uma ou outra forma de se comunicar, segundo o jornal O Globo, o clima entre os grupos é de muita desconfiança e paranoia ante as prisões que aconteceram desde os atentados no fim de semana.
De acordo com a mídia, nos grupos criados em substituição aos bloqueados, há um temor nunca visto com a presença de "infiltrados" e "esquerdistas" que possa levar à prisão de mais apoiadores do ex-mandatário.
"Não teria como fazer um filtro para a entrada nos grupos do Signal? Eu não confio em mais ninguém", lamentou um bolsonarista. Já outra apoiadora respondeu: "Meu coração transborda de tanta tristeza, medo e depressão. Tô [sic] apavorada com o que vem pela frente. Vou perder os meus filhos para esse comunismo maldito."
A decisão do Supremo atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) na última terça-feira (10), o qual mostrava a existência de 46 grupos bolsonaristas que fomentavam intervenção militar em Brasília. A solicitação ganhou impulso depois que uma nova convocação para protestos que ocorreriam ontem (11) foi verificada, conforme noticiado.
Notícias do Brasil
Maioria enxerga responsabilidade de Bolsonaro em atos violentos em Brasília, aponta Datafolha
Ainda de acordo com o jornal, alguns administradores de grupos tentaram mudar o nome para driblar a decisão do STF, sem sucesso, uma vez que cada chat é identificado por um código único e a relação da AGU, com os 46 listados, foi repassada à Corte.
"Estão derrubando os grupos. Começou o expurgo", escreveu um bolsonarista com o print de chats já bloqueados por determinação do TSE. "Tempos sombrios. O que faremos?", indagou outro, citado pela mídia.
Apesar do Signal se mostrar como uma alternativa, o jornal pontua que a adesão não foi maciça visto que o processo envolve a instalação de um novo aplicativo e um cadastro, o que demanda alguma disponibilidade no momento da migração.
Porém, para aqueles que já migraram, os donos das contas criaram novos nomes para tentar despistar como sendo um canal de apoiadores do ex-presidente e criaram grupos intitulados de "Aquarela" e "Salvação", relata a mídia.
Homem quebra janela do Palácio do Planalto durante manifestação em Brasília (DF), em 8 de janeiro de 2023
Esse fato, no entanto, não impediu os bolsonaristas de fomentar ataques aos Poderes constituídos. Em um dos chats do Signal monitorados pela equipe do jornal, usuários elaboraram a tese de que o PT poderia ser derrubado do poder, se não fosse o ministro do STF Alexandre de Moraes.
"Tinha que morrer", escreveu um radical. "Mas vai [morrer], em breve. Amém", respondeu outra. "Deus te ouça. Que alguém acabe com ele", retrucou a primeira.
Notícias do Brasil
UNESCO ajudará Brasil a restaurar obras de arte danificadas nos atos violentos

Manifestantes viram 'infiltrados'

Devido ao tamanho dos estragos feitos pela invasão aos prédios dos três Poderes no fim de semana, os apoiadores do ex-presidente começaram a dizer que quem fez as depredações foram infiltrados do PT.
O maior exemplo até agora foi o de uma das líderes do movimento, Ana Priscila Azevedo, que passou de símbolo dos radicais a vilã, segundo o jornal. Azevedo foi presa ontem (11) em Luziânia (GO) por ordem do Supremo. Após sua detenção, bolsonaristas passaram a classificá-la como "infiltrada", "militante de esquerda" e "petista".
Líder de um grupo no Telegram com milhares de membros, Azevedo compartilhou registros nos ataques em Brasília. Em um dos vídeos ela aparece dentro do STF depredando o prédio do Supremo. Em outra postagem ela pede a intervenção das Forças Armadas.
"A esquerda aplaudindo a prisão dela, só não observaram que ela era infiltrada, quem aplaudiu mesmo foram os patriotas que não depredam nada", diz uma postagem no Twitter.
Entretanto, de acordo com a mídia, Azevedo coletava contribuições financeiras entre os bolsonaristas desde 6 de outubro, pelo menos. Ela publicava vídeos falando em "resistência", "intervenção militar urgente", "fraude eleitoral" e "desobediência civil". Ao mesmo tempo, disponibilizava uma chave PIX para pedir dinheiro que seria usado para financiar suas ações.
Comentar