As tropas russas teriam criado um software personalizado para smartphones e tablets baseados no sistema Android, que lhes permite ajudar a triangular as coordenadas da artilharia inimiga com base nos sons que os disparos emitem.
De acordo com uma revista militar russa, o método de detecção improvisado envolve o uso de vários dispositivos, com militares situados de três a seis quilômetros da linha de frente gravando os níveis de som para determinar aproximadamente de onde vêm os tiros. Os cálculos de triangulação podem ser feitos com o auxílio de satélites, ou via sincronização interna entre os aparelhos, com dados transmitidos a um aparelho central para calcular as coordenadas aproximadas do alvo, contabilizando os dados meteorológicos.
O método, um dos vários sistemas de reconhecimento baseados em acústica e som térmico em uso pelas tropas russas, é menos preciso do que os sistemas de nível militar para fins especiais, mas bom o suficiente para fornecer aos drones a localização aproximada da artilharia inimiga para mais informações e reconhecimento. O software teria sido desenvolvido por oficiais que participavam das operações de combate.
A revista não entra em detalhes sobre os possíveis riscos envolvidos no uso desse método improvisado de detecção baseado em smartphone. Na semana passada, os militares russos disseram que os sinais de telefonia móvel de um ponto de implantação temporário na cidade de Makeevka usado por tropas russas facilitaram um ataque com sistemas de lançadores múltiplos de foguetes Himars ucraniano, matando ao menos 89 pessoas, incluindo um tenente-general, imediatamente após a meia-noite da véspera de Ano Novo.
O comando militar russo encarregado da operação sofreu uma reformulação na quarta-feira (11), com o chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov sendo nomeado comandante do Grupo Conjunto de Forças Russas na Ucrânia, e com o ex-comandante, general Sergei Surovikin, substituído e nomeado seu vice.
O conflito na Ucrânia viu o uso pesado de sistemas de artilharia móvel, com as forças ucranianas recebendo bilhões de dólares em artilharia de precisão e obuses dos Estados Unidos e de outros países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para alimentar o conflito por procuração do Ocidente com a Rússia. As forças russas e seus aliados em Donbass exibiram repetidamente sistemas de artilharia destruídos — como o obus rebocado M777. No entanto, derrubar a artilharia autopropulsada e os sistemas múltiplos de lançamento de foguetes provou ser um desafio maior, com as forças ucranianas "atirando e fugindo" — ou seja, disparando e recuando rapidamente de uma posição para áreas cobertas ou fortificadas, para complicar a detecção e retaliação. Isso permitiu que os sistemas de artilharia fornecidos pelo Ocidente à Ucrânia continuassem a bombardear as cidades e assentamentos civis e militares russos em Donbass impunemente por meses.