Um grupo de partidos do Peru divulgou uma nota na quinta-feira (12) pedindo que o governo do Brasil, Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) se manifestem contra a repressão promovida pelo governo peruano, comandado por Dina Boluarte desde a queda do ex-presidente Pedro Castillo, aos massivos protestos que sacodem o país.
"Solicitamos fraternalmente o pronunciamento do Brasil, do Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o apoio de parlamentos do mundo e de organizações de defesa dos direitos humanos", pedem os partidos na nota.
Na carta, os partidos pedem a realização de eleições imediatas e acusam o governo de cometer crimes de lesa-humanidade, invadir espaços políticos de oposição e de movimentos sociais e realizar detenções arbitrárias. A repressão do governo aos protestos já deixou ao menos 48 mortos.
"Agradecemos a solidariedade dos governos de México, Colômbia, Bolívia, Argentina, Venezuela, Honduras e Chile, que têm denunciado as violações aos direitos humanos perpetradas pelo governo", afirmam. O documento ainda denuncia uma "intervenção suspeita da embaixadora norte-americana Lisa Kenna e do secretário de Estado [dos Estados Unidos]", no que classificam como um golpe.
A mensagem é assinada por seis partidos, entre eles o Peru Livre, que elegeu a chapa formada por Castillo e Boluarte nas eleições de 2021. Os dois saíram da legenda durante o governo Castillo. Também fazem o pedido o Partido Comunista do Peru, o Partido Humanista Peruano, o Partido Povo Unido, o Partido Socialista e o Partido do Povo do Peru.
A coordenadora do Peru Livre no Brasil, Tania Bernuy, disse à Sputnik Brasil os partidos esperam do governo Lula e do PT "uma abertura ao diálogo diante desse cenário de estado de exceção para defender nossas democracias e a vida das pessoas. Não mais mortes, basta de matança!".
"A principal demanda é pela vida das pessoas. Nosso partido e os demais partidos temos a convicção de que o presidente Lula vai defender a proteção e a garantia da vida das pessoas [no Peru]. Não mais mortes, não mais opressão. Queremos a abertura do diálogo e união a outras forças que gritam 'Basta de matança' e 'Chega de estado de exceção'."
"Acredito que ele vai fazer isso porque Lula, mais do que ninguém, sofreu todas as consequências do intervencionismo imperialista, desde a derrubada da presidente Dilma Rousseff. Acho que Lula vai nos entender e nos apoiar na refundação do Peru", completou.
Bernuy aponta que o PT "tem sido muito aberto ao diálogo e ao apoio à esquerda peruana organizada e ao programa de governo bicentenário perulibrista", que, segundo ela, pauta a refundação do Peru com uma nova Constituição, a soberania popular, a reconstrução da democracia e o impulso do desenvolvimento da América do Sul.
A dirigente aponta que o pedido tem como objetivo "estabelecer diálogos propositivos e avançados" que permitam uma "aproximação permanente, pelo menos neste difícil processo de restauração das democracias na região sul-americana".