De acordo com o responsável asiático, agora a China tem uma política mais frouxa diante da COVID-19, o que, segundo ele, é "um sinal de reabertura" e do regresso à normalidade da produção no gigante asiático.
Para o economista mexicano Raúl Ignacio Morales Chávez, a postura chinesa pode trazer vantagens para a América Latina, região que vem fortalecendo seus laços com os chineses.
Em entrevista à Sputnik, o acadêmico da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) aponta que as previsões para a América Latina, em 2023, não são animadoras, já que o crescimento deve ficar abaixo de 1,5% enquanto houver alerta de recessão.
No entanto, Morales Chávez aponta que o estreitamento das relações econômicas entre a região e o chamado gigante asiático, bem como a reabertura que a China vive atualmente, podem amortecer o impacto econômico da região devido ao aumento do preço das commodities.
"O impacto da recessão pode ser menor na América Latina se o aumento dos preços for sustentado", disse o especialista, que destaca que países como Brasil e Argentina são líderes nas exportações de alimentos. "Ao aumentar o preço dos alimentos e das matérias-primas, vai gerar um pequeno boom dentro de toda a estagnação econômica que se espera", acrescentou.
Morales Chávez indicou que se os preços das matérias-primas continuarem subindo, "isso sem dúvida atrairá recursos para esses países [latino-americanos]".
Mas para que isso seja uma realidade, a reabertura da China vai ter que ser relativamente rápida, fator que ainda está em dúvida.
Segundo o doutor em Economia pela Universidade de Manchester, Moritz Cruz, para que a reabertura seja relativamente rápida vai depender de três fatores fundamentais: a confiança dos trabalhadores e dos empregadores de que não há novas restrições. Isso, aponta ele, leva tempo.
O impacto das mudanças vai depender também das políticas econômicas aplicadas pelo gigante asiático, ou seja, concessão de crédito e redução de impostos, além dos apoios e mecanismos para o aumento do consumo.
Da mesma forma, a reabertura da China também vai depender de "como seus parceiros comerciais se movem".
Os dois especialistas concordam que se a China crescer, sendo importante compradora de matérias-primas dos países sul-americanos, isso seria um fator benéfico para a região. No entanto, eles apontam que um crescimento acelerado do gigante asiático não pode ser garantido.
"Sim, terá um impacto, mas não o mesmo de antes na América do Sul, mas tudo dependerá das políticas aplicadas pelo governo chinês, além do fato de que o cenário internacional não é muito animador", explicou Moritz Cruz.