As declarações de políticos ocidentais sobre o fornecimento de novas armas à Ucrânia são provocadoras e aumentam as tensões no conflito, disse Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
"Hoje, 20 de janeiro, decorre na base militar dos EUA em Ramstein, na Alemanha, a oitava reunião do chamado grupo de contato sobre assistência de defesa à Ucrânia. Entre os principais tópicos estão as entregas de sistemas de defesa antiaérea e tanques para as Forças Armadas da Ucrânia", explicou ela.
"Na véspera, Washington anunciou um novo pacote de armas no valor de € 2,5 bilhões [R$ 13,7 bilhões] para as Forças Armadas da Ucrânia. Anteriormente Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, falou a favor de fornecer à Ucrânia 'tudo o que ela precisa para ter sucesso no campo de batalha'. A administração presidencial dos EUA foi ainda mais longe. Lá, de acordo com o [jornal The] New York Times, eles estão considerando a opção de fornecer a Kiev armas adicionais para um ataque à Crimeia", apontou.
Zakharova também chamou a atenção para uma recente declaração de Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, que pediu aos parceiros que dessem a Kiev quaisquer armas que fosse capaz de usar.
"Consideramos tudo isso como o Ocidente instigando uma provocação gritante, e uma subida da fasquia no conflito, o que inevitavelmente levará a mais vítimas e a uma perigosa escalada", disse a representante oficial da chancelaria.
A funcionária governamental também acusou os países ocidentais de não prestar atenção aos crimes cometidos pelas tropas ucranianas contra a população civil.
"O 'Ocidente coletivo', enquanto expressa hipocritamente preocupação com as baixas em territórios sob o controle do regime de Kiev, continua demonstrando que não está preocupado com o destino das vítimas dos bombardeios das Forças Armadas da Ucrânia. Ainda não ouvimos nenhuma condenação de ataques regulares dos militares ucranianos contra áreas residenciais, escolas, hospitais, jardins de infância e outras instalações sociais, e o uso de minas antipessoais proibidas contra civis", declarou Zakharova.
Ela acrescentou que o Ocidente "não se importa com o destino dos civis que foram submetidos a abusos, torturas, assassinatos extrajudiciais e assassinatos pelo regime de Kiev devido a suspeitas de deslealdade", e que "Kiev e seus mestres americanos e europeus não poupam nem a população da Ucrânia nem os militares ucranianos a quem estão dispostos a sacrificar para sua própria ganância e desejo avassalador de prejudicar a Rússia".
Quanto a Kiev, garantiu a representante oficial, ela torna impossível a realização de negociações de paz.
"Chamamos a atenção para uma série de declarações recentes de funcionários ucranianos sobre o tema das negociações com a Rússia. O porta-voz presidencial ucraniano [Sergei] Nikiforov observou que Kiev poderia 'considerar muito seriamente as negociações com a Rússia se elas forem baseadas nos princípios universais do direito internacional'. Entre eles, ele mencionou quase todos os pontos da notória 'fórmula de paz' de [Vladimir] Zelensky, que contém exigências para responsabilizar e punir a Rússia."
Ela observou que Aleksei Reznikov, ministro da Defesa ucraniano, foi "ainda mais longe em seus sonhos" ao "declarar arrogantemente que ele se 'sentaria de bom grado à mesa de negociações em que serão discutidos os termos da capitulação da Rússia'".
"Em paralelo, Zelensky, falando por vídeochamada no fórum de Davos em 18 de janeiro [quarta-feira], confirmou a impossibilidade de conversar com o presidente russo, motivado por suas dúvidas, inclusive sobre sua agenda. Em sua mente vaga, as conversações de paz ainda não significam paz. Tudo isso mostra mais uma vez que é o raivoso 'partido de guerra', que perdeu seu senso de realidade, que hoje define o tom e a política do regime de Kiev. Sob tais condições, as negociações com a Ucrânia estão fora de questão", sublinhou.