Nesta sexta-feira (20), o portal Metrópoles publicou informações com detalhes de uma investigação em curso, comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, que envolve o ex-presidente brasileiro. Segundo a publicação, o ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, gerenciava um caixa informal para a realização de pagamentos para a família Bolsonaro utilizando dinheiro vivo e cartões corporativos.
Conforme revela o portal, as investigações apontam que o Cid participada do dia a dia do ex-presidente e realizava diversas tarefas cotidianas para Bolsonaro. O militar supostamente pagava contas da família do ex-presidente com o dinheiro vivo e operava um "caixa paralelo" que incluía os recursos dos cartões corporativos. Antes de deixar o governo, Bolsonaro dispensou Cid, que teve novo cargo encaminhado para comandar um batalhão de elite do Exército.
Entre as contas pagas estariam obrigações de um cartão de crédito utilizado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, porém emitido no nome de uma amiga. Segundo a publicação, foram encontrados áudios do ex-presidente que apontam que Bolsonaro controlava e tinha conhecimento sobre essas operações.
Jair Bolsonaro durante lançamento do Plano Safra 2022/2023, no Palácio do Planalto. Brasília (DF), 29 de junho de 2022
As investigações envolvendo Cid apontam que ele fazia os pagamentos na boca do caixa de uma agência bancária localizada dentro do Palácio do Planalto. As semelhanças com o modus operandi da família Bolsonaro em acusações que antecedem a chegada à Presidência renderam o apelido interno de "rachadinha presidencial" e suspeitas de lavagem de dinheiro.
Ainda segundo o portal, a amiga que emprestava o nome para o cartão utilizado por Michelle Bolsonaro é Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado Federal lotada no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA). Cordeiro é apontada como íntima do casal Bolsonaro e teria feito viagens inclusive a bordo do avião presidencial. A amiga de Michelle ascendeu na carreira durante o governo do ex-presidente e deve ocupar cargo no gabinete da senadora eleita Damares Alves, ex-ministra de Bolsonaro.
Conforme o portal Metrópoles, interlocutores de Bolsonaro negam o uso de recursos de saques corporativos do governo nas contas pagas por Cid e justificam o uso de dinheiro em espécie apontando que havia valores "ínfimos" a serem pagos a prestadores de serviço informais. Apesar disso, o portal não teve respostas sobre pagamentos de boletos e contas de familiares de Michelle Bolsonaro, assim como não houve explicações sobre a necessidade de uso de dinheiro em espécie ao invés de outras formas de pagamento.