A destruição de uma estrela pelas forças gravitacionais de um buraco negro supermassivo é um acontecimento conhecido como evento de perturbação de marés (TDE, na sigla em inglês), escreve portal Space.
Normalmente este evento significa destruição iminente para a estrela à medida que seu gás é arrancado para o disco de acreção do buraco negro, causando brilho visível por centenas de milhões de anos-luz. Entretanto, os pesquisadores encontraram um buraco negro que está brincando com sua comida.
O nosso Sol é massivo e incorpora 99,86% da massa do Sistema Solar. Isso lhe dá um enorme poder gravitacional. Mas os buracos negros supermassivos são tão enormes que o Sol mal se nota em comparação. A força gravitacional destes gigantes é tão poderosa que parece manter toda a sua galáxia junta.
Em um novo estudo, uma equipe de astrônomos observou um buraco negro supermassivo em uma galáxia a centenas de milhões de anos-luz de distância quando este dilacerava uma estrela.
Em setembro de 2018 o telescópio ASASSN – que busca luzes brilhantes em todo o céu – detectou uma erupção em uma galáxia a 893 milhões de anos-luz de distância. O evento foi catalogado como AT2018fyk e essa erupção tinha todas as características de um TDE. Vários telescópios de raios X observaram um enorme aumento de brilho do buraco negro.
Buraco negro com uma estrela
© Foto / ESA/ATG medialab
Normalmente, os TDE apresentam um declínio suave do brilho ao longo de vários anos, mas quando os astrônomos olharam novamente para o AT2018fyk, cerca de 600 dias depois de ter sido detectado pela primeira vez, os raios X desapareceram rapidamente. O mais interessante ainda é que cerca de 600 dias depois disso mais uma erupção ocorreu no buraco negro.
"Até agora, se supunha que quando vemos as consequências de um encontro próximo entre uma estrela e um buraco negro supermassivo, o resultado seria fatal para a estrela, ou seja, a destruição completa da estrela", disse em comunicado Thomas Wever, astrônomo do Observatório Europeu do Sul e autor da nova pesquisa sobre o evento. "Mas ao contrário de todos os outros TDEs que conhecemos, quando apontamos nossos telescópios para o mesmo local novamente vários anos depois descobrimos que ele tinha realumiado", acrescentou.
Wever liderou uma equipe de astrônomos que entendeu que as erupções repetidas eram um sinal de uma estrela que sobreviveu a um evento de perturbação de marés e completou outra órbita para passar por um segundo evento destes.