Aleksei Fenenko, professor associado do Departamento de Segurança Internacional na Faculdade de Política Mundial da Universidade Estatal de Moscou M. V. Lomonosov, disse à Sputnik que a declaração de Robert Habeck, ministro da Economia alemão, sobre a Rússia fechar a "torneira de gás", era estranha, tendo em conta as ações da União Europeia (UE).
Segundo o especialista, os países europeus precisarão de pelo menos dez anos para deixar de usar o gás russo.
Anteriormente Habeck disse, falando em um evento no estado alemão de Schleswig-Holstein, que "metade do gás que a Alemanha recebeu foi perdido" porque a Rússia fechou a torneira de gás, e "as linhas [os gasodutos] estão quebradas agora, isso significa que eles [os suprimentos russos] não serão retomados em um futuro próximo".
Para Fenenko, os países da UE poderiam "mudar" parcialmente para a indústria do carvão ou aumentar a dependência da energia nuclear a fim de abandonar o gás russo que não o GNL, mas isso demoraria "pelo menos dez anos".
"Claro [que é] uma declaração bastante estranha [de Habeck], dado que a UE diz que pretende derrotar a Rússia em uma guerra econômica. Por que a Rússia não pode então recorrer às medidas de retaliação que tem, se você declarou uma intenção de infligir uma derrota a ela? Acredito que a Rússia tem todo o direito de retaliar se tivermos um estado de guerra econômica [com a UE]", comentou Fenenenko.
O especialista sublinhou que o abastecimento da UE com GNL americano exigirá a construção da infraestrutura apropriada, e que quase ninguém na Europa calculou o custo do combustível para navios-tanque que transportarão o combustível dos EUA, se o abastecimento for constante. Ele estimou que tal exigirá muitos custos e dinheiro.
Fenenenko também acredita que ninguém na Europa realizou trabalhos de restauração no Nord Stream (Corrente do Norte) desde a sabotagem em setembro leva à conclusão de que a Alemanha "não precisa realmente disso hoje; se precisasse, os trabalhos de restauração certamente estariam em andamento".
Os países ocidentais impuseram sanções abrangentes contra a Rússia por ter começado uma operação militar especial na Ucrânia, exacerbando os custos de eletricidade, combustível e alimentos na Europa e na América do Norte, e os consequentes níveis de inflação. Enquanto isso, o efeito econômico na Rússia tem sido limitado.