"Isso é algo que agora está sendo recuperado com a visita do presidente Lula à Argentina [e Uruguai]. É um novo momento para esse diálogo com os países do Mercosul. Acho que eles [países do Mercosul] estão, sim, isolados entre si pelo que foi provocado pelo governo Bolsonaro, que era um governo isolacionista [...]. Acho que isso agora está em franca mudança. Então ainda é cedo para a gente afirmar que, enfim, o Uruguai vai continuar nesse caminho", avalia a pesquisadora.
"Essa situação é uma situação que levaria a um questionamento sobre a existência do próprio bloco, porque uma das vantagens do bloco na negociação é que você consegue ter uma tarifa comum. Então se você tem um país que tem um acordo preferencial de comércio com um terceiro, que vai ter acesso também às preferências do Mercosul, isso pode criar um desvio de comércio, pode gerar um desequilíbrio comercial, e a gente está falando de um país do tamanho da China, que já é um parceiro comercial importante de todos os países do Mercosul", avalia a pesquisadora em entrevista à Sputnik Brasil.
Lula tenta mostrar que Mercosul ainda é vantajoso
"Acho que o Brasil não só precisa reafirmar a necessidade da união entre os países — porque o Mercosul continua existindo —, mas dar um sentido ao Mercosul, um sentido econômico de fato, que traga benefícios para esses países", aponta, ressaltando que o cenário de desaceleração econômica na região dificulta esse processo.
"No contexto que nós temos hoje, em que há uma busca de regionalização e construção de cadeias regionais, o argumento do Brasil ganha força porque não fortaleceria somente o Brasil, mas também os outros países. Porém é uma situação que ainda depende que o Brasil sinalize não só com discursos, mas com ações", analisa a pesquisadora.