Autoridades e especialistas americanos afirmaram ao jornal que a decisão alemã de enviar tanques Leopard 2 para a Ucrânia, depois de os EUA terem concordado em fornecer Abrams a Kiev, é positiva para a Alemanha, mas apenas no curto prazo. Os interlocutores da publicação observam que o chanceler alemão, Olaf Scholz, pode estar satisfeito por ter forçado Washington a ouvir a posição de Berlim. Além disso, ele não terá que responder a perguntas "desconfortáveis" sobre os tanques na conferência de Munique em fevereiro.
"Esse episódio foi a segunda vez que a Alemanha precisou dos Estados Unidos para escapar do impasse geopolítico, já que no ano passado Scholz precisava de cobertura do lado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para destruir o gasoduto da Rússia para a Alemanha North Stream 2. Agora está mais claro do que nunca que a Alemanha não pode ou não quer tomar as rédeas da política de segurança. Ela precisa que os EUA fiquem bem atrás dela", diz o jornal.
Na quarta-feira (25), o governo alemão declarou que havia decidido transferir tanques alemães Leopard 2 para Ucrânia. Tudo isso foi precedido por uma pressão crescente de representantes de partidos do governo no gabinete de Olaf Scholz para tomar uma decisão positiva e rápida sobre esse assunto.
A Alemanha pretende formar dois batalhões de tanques e, na primeira fase, um lote de 14 tanques Leopard 2A6 será dado das reservas da Bundeswehr, forças armadas alemãs. Além disso, o treinamento dos militares ucranianos na Alemanha será organizado em breve. Também haverá um novo pacote de assistência à Ucrânia da Alemanha que incluirá logística, munição e manutenção dos sistemas bélicos.
Além do mais, na quarta-feira (25), o governo dos Estados Unidos anunciou que vai enviar 31 tanques M1 Abrams para Ucrânia. Segundo as autoridades norte-americanas, levará meses para entregar os veículos. Além dos tanques, Washington enviará oito veículos de recuperação M88 para Kiev para prestar serviço aos tanques. De acordo com a Casa Branca, os Estados Unidos esperam que as entregas de armas à Ucrânia não só ajudem Kiev em sua defesa, mas permitam que ela tome territórios perdidos, incluindo a Crimeia.
A Rússia já havia enviado uma nota à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) a propósito dos carregamentos de armas para a Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia se tornará um alvo legítimo para a Rússia. O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que os países da Aliança Atlântica "brincam com o fogo" ao fornecerem armas para a Ucrânia. Dmitry Peskov, o porta-voz do presidente russo, referiu que bombear a Ucrânia com armas do Ocidente terá um efeito negativo.