Muito se especula em torno do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, visto que o cacique do partido de Jair Bolsonaro, mostra apoio ao ex-mandatário publicamente, mas nos bastidores relata preocupação a aliados.
No entanto, em uma entrevista publicada hoje (27) pelo jornal O Globo, Valdemar saiu em defesa de Bolsonaro mais uma vez e disse que o ex-presidente "nunca falou sobre contestar a eleição", e que a minuta encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi um tipo de documento que estava "na casa de todo mundo".
"Ele [Bolsonaro] nunca falou nesses assuntos comigo [sobre contestar a eleição]. Um dia eu falei: 'Tudo que temos que fazer tem que ser dentro da lei.' Ele falou: 'Tem que ser dentro das quatro linhas da Constituição.' Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava [o papel] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar. Vi que não tinha condições, e o Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei", disse Valdemar.
O presidente da legenda acrescentou que "a pressão em cima dele [Bolsonaro] foi uma barbaridade" porque as pessoas acham que "ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe".
"Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer. Agora, vão prendê-lo por causa disso? Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim agora e falou: 'Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam'", explicou.
Com essa resposta, a mídia indagou Valdemar se a minuta, que tinha como objetivo mudar o resultado das eleições de 2022, circulava entre pessoas do governo anterior, o presidente confirmou, dizendo até que advogados entraram em contato com ele, mas "não deu bola", assim como Bolsonaro, uma vez que "o pessoal queria que ele fizesse errado", afirmou.
Se o ex-presidente era contra contestar a eleição e queria fazer tudo dentro da lei, Valdemar então é perguntado pelo jornal o porquê de Bolsonaro ter ficado calado enquanto seus apoiadores protestavam pelo país pedindo intervenção federal. O chefe do PL chamou a responsabilidade para si, declarando que ele e os políticos da legenda "não o prepararam para derrota", e por isso o ex-presidente ficou "desintegrado" e sem condições de agir.
"[…] Isso pode ter sido um erro meu, dos políticos, que não o preparamos para uma possível derrota. Nunca tocamos nesse assunto, não passou isso pela cabeça dele. Quando fui lá [após a eleição], ele estava um pó. Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando. Passaram três ou quatro semanas, e vi que ele melhorou. Perguntei o que era, e ele disse que estava comendo, porque ele ficava quatro ou cinco dias sem comer nada. O mundo dele virou de ponta-cabeça."
Entretanto, apesar de Valdemar afirmar que a derrota nas urnas calou Bolsonaro, o ex-presidente postou em sua rede social na madrugada do dia 11 (três dia após as invasões em Brasília) um vídeo com texto que contestava as eleições, dizendo que Lula foi eleito pelo Supremo e pelo TSE.
Por fim, Valdemar informou que o ex-mandatário voltaria no final deste mês ao Brasil e que sua presença é importante "para conduzir essa bancada de direita que nós temos aqui. O pessoal é muito extrema direita. Com Bolsonaro aqui, eu estou no céu. Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim", disse. Ao mesmo tempo ressaltou que não vê chances do ex-presidente ser preso: "Que crime ele cometeu?", indagou.
Sobre a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro – que regressou ao Brasil ontem (27) dos EUA – Valdemar também relata que tem planos e que ela pode até vir até ser candidata à presidente da República: "Ninguém sabe o dia de amanhã", afirmou o ex-deputado.
Em relação às eleições no Congresso Nacional para presidência da Câmara dos Deputados, a mídia questiona ao presidente da legenda sobre uma ala bolsonarista que quer uma candidatura própria contra Arthur Lira (PP), ao passo que Valdemar respondeu "se alguém sair para disputar com o Lira, nós vamos ser obrigados a expulsar do partido".