Na ocasião, ele alegou ter provas de que Saddam Hussein teria uma arma de destruição em massa que ameaçava o mundo inteiro e que, por algum motivo, os EUA e o Reino Unido eram os primeiros alvos.
"Tudo o que apresentamos a vocês são fatos e conclusões baseados em informações confiáveis que confirmam que o Iraque possui armas de destruição em massa", afirmou o ex-secretário de Estado dos EUA Colin Powell em 5 de fevereiro de 2003.
A mentira americana custou caro ao Iraque, que a segue pagando até hoje, já que foi invadido e destruído pelos EUA.
Por sua vez, Washington não sentiu qualquer remorso pelo crime que cometeu contra os iraquianos, uma vez que o tubo de ensaio de Powell era falso, e que na verdade fazia parte de um plano para desencadear guerras na Síria, Iêmen e Líbia.
Colin Powell, secretário de Estado dos EUA entre 2001 e 2005, apresenta à ONU uma falsa amostra de antrax como prova do desenvolvimento de um programa de armas de destruição em massa no Iraque, 5 de fevereiro de 2003
© AP Photo / Elise Amendola
Em entrevista à Sputnik, o político iraquiano Imad al-Din Jabari afirmou que a invasão americana foi o "espetáculo mais sangrento da história moderna", e que os americanos enganaram o Iraque, pois Powell admitiu isso antes de sua morte.
Além disso, o político iraquiano ressaltou que o Ocidente, liderado pelos EUA, planejou cuidadosamente o ataque contra o Iraque, já que o país estava se tornando um importante ator regional e não seguia as doutrinas americanas.
"Qualquer país árabe que atinge um alto nível de desenvolvimento e ganha peso político, se torna imediatamente um alvo do Ocidente. O Iraque recusou se comprometer com os EUA quando eles exigiram desarmar e reduzir nosso Exército", acrescentou o político.
Imad al-Din Jabari também destacou que o Iraque é a "verdadeira face da democracia americana".
"Os EUA demonstram claramente com nosso exemplo que não permitirão que nenhum país da região escape do controle americano. A estratégia dos EUA é simples: os árabes não podem ter poder, apenas os países de fora da região a dominarão", afirmou.
Ele ainda recordou que o bombardeio contra o Iraque durou 42 dias, enquanto a ofensiva terrestre levou apenas quatro dias, já que o Exército americano enfrentou forte resistência dos iraquianos.
"Em terra, o Exército americano perdeu muitos soldados e equipamentos, pedindo então o início das negociações", destacou.
O chefe do Centro de Estudos Estratégicos de Bagdá, Manaf al-Musavi, afirmou que os eventos de 5 de fevereiro de 2003, assim como o discurso de Powell foram um "momento de transformação" para o Iraque e para toda a região.
"As mentiras de Colin Powell no Conselho de Segurança custaram muito, não apenas ao Iraque. Este foi o primeiro passo na implementação de mudanças na região do Oriente Médio [...] A invasão do Iraque foi apenas a primeira parte de um grande jogo", enfatizou.
Segundo ele, depois de 20 anos, os fracassos das ações americanas na região são patentes.
"O projeto 'Novo Oriente Médio' falhou, assim como a 'Primavera Árabe' [...] bem como as tentativas de criar um Estado terrorista do ISIS. Eles tentaram destruir o Iraque, em seguida a Síria, Líbia e Iêmen, para depois reconstruir. Só que eles conseguiram destruir, mas não conseguiram reconstruir", afirmou.
Segundo o especialista, os americanos não reconhecem a mentira monstruosa de Powell quando ele exibiu o tubo de ensaio falso na ONU, pois, na verdade, este era o grande plano dos EUA.