"Foi notável o fato de Biden ter realmente tentado usar uma retórica populista", disse o jornalista independente e analista político Sam Husseini, depois do discurso de Biden na sessão conjunta do Congresso na terça-feira (7).
"A corrupção nas grandes empresas de tecnologia, instituições para idosos, empresas farmacêuticas, a necessidade de taxar bilionários, a tudo isso foi dada bastante atenção. O problema, claro, é que é retórica, não realidade", disse o jornalista.
Os dois maiores partidos dos EUA estão ambos envolvidos na corrupção corporativa e mantêm laços com os super-ricos, acrescentou Husseini.
"Mais notável ainda é que ele tenha empregado toda essa retórica. Mostra que sabe que o público está com fome por algo real que deve ser feito", disse.
Husseini também observou como Biden deu pouca atenção à política externa.
"Suspeito que isto reflete como a base do Partido Democrata está em desacordo com o 'establishment' do partido [...] Biden precisa parecer diferente para a base do que ele claramente é, ou, pelo menos, criar distrações suficientes para que não seja o alvo da base", disse ele.
Martin Hutchinson, analista financeiro, historiador e antigo banqueiro, disse que o discurso de Biden não vai ter efeito em seus níveis de aprovação cada vez mais baixos, "apesar dos líderes de torcida na mídia tentarem garantir que vai ter efeito."
A retórica do presidente, acrescentou, foi forte "somente pelos padrões de Biden".
Os discursos genuinamente bons do ex-presidente Donald Trump, acrescentou, nunca moveram a "agulha" da opinião pública, portanto não há razão para acreditar que, desta vez, o discurso de terça-feira (7) de Biden tenha qualquer impacto.
Durante sua fala, Biden referiu as tensões com a China e o conflito na Ucrânia, exigindo a responsabilização das redes sociais e ações para reduzir os preços dos medicamentos. Ele também falou sobre a economia norte-americana, o controle de armas, o aborto e incitou o Congresso a levantar o limite de endividamento público do país.
Biden disse que deseja trabalhar com Pequim, mas que agiria se a China ameaçasse a soberania dos EUA. O discurso vem uma semana depois que a China lançou um suposto balão de vigilância, que Pequim afirmou ser de pesquisa científica, no espaço aéreo norte-americano. Os republicanos criticaram Biden por adiar a ordem para abatê-lo, o que veio a ser feito quando o balão já sobrevoava o oceano, no domingo (5).