"A Rússia não é um país pequeno... Precisamos criar uma narrativa que dê aos russos as condições mínimas para acabar com a guerra... Vamos acabar com a guerra e depois discutir na mesa de negociações o que queremos", disse Lula em entrevista à CNN.
O líder brasileiro destacou que deseja discutir uma trégua não só com a Rússia, mas também com Estados Unidos, China, Índia, Indonésia e outros países, já que o mundo só pode se desenvolver com a condição de paz.
Lula está nos EUA para se encontrar com Joe Biden. Os dois presidentes estão reunidos na Casa Branca e fazem pronunciamento na noite desta sexta-feira. O conflito na Ucrânia está na pauta da conversa entre os mandatários.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o analista Pedro Costa Júnior, professor de relações internacionais e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), apontou que os EUA vão tentar impor a agenda de apoio do Brasil à Ucrânia na pauta.
"Vai ter um assédio dos EUA para que o Brasil se posicione a favor do Ocidente na guerra da Ucrânia, que é uma guerra por procuração contra a Rússia. Biden vai exigir que Lula não dê declarações ambíguas [sobre o conflito]. Esse assédio vai ser muito forte", analisa o pesquisador da USP. "Há um movimento de tentáculos transnacionais para engajar [quem é neutro sobre a operação militar especial]."
Já houve, de acordo com ele, um "pré-assédio" coordenado por Washington, a partir do telefonema de 1h30 de duração de Lula com o presidente da França, Emmanuel Macron, e da visita do chanceler alemão Olaf Scholz na semana passada, durante a qual o Brasil reforçou sua posição de neutralidade e a necessidade de estancar o conflito pelas vias diplomáticas.
Brasil quer fórum de paz para resolver conflito entre Rússia e Ucrânia
Durante a visita de Scholz, Lula propôs a criação de um fórum de paz para auxiliar as negociações entre Rússia e Ucrânia diante do conflito em solo europeu.
Lula defendeu a construção do mecanismo de diálogo entre Rússia e Ucrânia após encontro com o chanceler da Alemanha, que havia pedido que o Brasil se comprometesse com o envio de munições a Kiev. O mandatário brasileiro negou a solicitação e disse que sua guerra é contra a fome, não contra a Rússia.