Os líderes do Japão, França, Alemanha e Itália se opuseram à introdução de sanções contra a Rússia na reunião do G7 em Bruxelas em 2014, revelou um livro autobiográfico póstumo de Shinzo Abe, ex-premiê japonês (2006-2007, 2012-2020).
O ex-alto responsável foi atingido fatalmente após um homem de 41 anos disparar contra ele enquanto fazia um discurso de campanha para um colega na cidade de Nara, em 8 de julho de 2022. O político foi cremado e teve um funeral em um templo budista em 12 de julho do mesmo ano, que contou com a presença de 26.000 pessoas.
As memórias, escritas na forma de entrevistas gravadas de outubro de 2020 a outubro de 2021, foram publicadas no início desta semana. O motivo da cúpula em questão foi a situação da Crimeia, que, de acordo com os resultados do referendo de 2014 conduzido na região, tornou-se parte da Rússia, e levou à exclusão do país do G8.
No livro, Abe lembrou que na reunião na capital da Bélgica, Barack Obama, então presidente dos EUA (2009-2017), tomou uma posição dura contra a Rússia e entregou pessoalmente aos participantes da cúpula um documento contendo vários pontos de sanções contra Moscou, uma ação que surpreendeu a todos os presentes.
"Cada um dos países europeus estava economicamente ligado à Rússia, então eles trataram as sanções com cautela", disse Shinzo Abe no livro.
François Hollande, então presidente da França (2012-2017), tomou uma atitude cautelosa a seguir, enquanto a ex-chanceler alemã Angela Merkel (2005-2021) pediu a palavra a Abe. O último exortou todos os reunidos a evitar uma cisão no G7, "o que significará seu fim", e a resolver a questão das sanções para cada país separadamente, de uma maneira funcional.
Segundo o alto responsável do Japão, Merkel perguntou a Obama se não seria melhor recolher os documentos que delinearam as sanções russas, antes de o líder americano passar apressadamente os líderes e recolher os documentos.