Ciência e sociedade

Estudo revela que uma italiana medieval foi submetida a pelo menos 2 cirurgias de crânio (FOTOS)

Um exame detalhado do crânio de uma mulher que viveu no assentamento medieval de Castel Trosino, no centro da Itália, há mais de 1.300 anos revelou que essa mulher de meia-idade havia sido submetida não uma, mas pelo menos duas vezes, a procedimentos cirúrgicos invasivos.
Sputnik
Um novo estudo internacional, coordenado pela Universidade Sapienza em colaboração com a Università Cattolica del Sacro Cuore em Milão, o Instituto McDonald de Pesquisa Arqueológica em Cambridge, as universidades de Aix-Marseille e Caen na França e a Universidade de Washington, revela a existência de perfurações no crânio de uma mulher de Longobard, encontrada no cemitério de Castel Trosino, perto de Ascoli Piceno, na Itália central.
Análises macroscópicas, microscópicas e de tomografia computadorizada (TC) revelam os sinais de pelo menos duas operações realizadas no crânio, incluindo uma cirurgia em forma de cruz, pouco antes da morte da mulher. Além disso, garças a um novo método de pesquisa bioquímica de alta resolução aplicado a um dos dentes preservados, foram reconstruídas mudanças especificas na dieta da mulher e na mobilidade desde o início da vida até a idade adulta.
"Descobrimos [...] que a mulher sobreviveu a várias cirurgias, tendo sido submetida a terapia cirúrgica de longo prazo, que consistiu em uma série de perfurações sucessivas", diz Ileana Micarelli, da Universidade de Cambridge, ex-pós-doutoranda na Sapienza e primeira autora do estudo.
Processo de moldagem e fundição no crânio CT1953.
"A última cirurgia parece ter ocorrido pouco antes da morte do indivíduo. Não há lesões que sugiram a presença de trauma, tumores, doenças congênitas ou outras patologias. Além disso, embora seja intrigante considerar a possibilidade de um motivo ritual ou judicial, nenhuma evidência osteológica ou histórica suporta tais hipóteses", conclui Giorgio Manzi, do Departamento de Biologia Ambiental.
As técnicas cirúrgicas específicas utilizadas envolveram a raspagem óssea do crânio como parte da trepanação, um tratamento médico. Este tipo de tratamento foi discutido na literatura medieval europeia, e alguns registros datam de períodos ainda mais antigos. No entanto, esta é a primeira vez que os cientistas foram capazes de provar que um crânio medieval foi submetido a esses procedimentos perigosos.
Essa descoberta de raras evidências de uma operação de perfuração abre caminho para estudos futuros sobre as razões e métodos de tratamento, bem como o papel dos cuidados da comunidade em relação aos doentes durante a época medieval.
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