A economia da Suécia tem o pior desempenho de todos os 27 Estados-membros da UE, de acordo com as últimas previsões da Comissão Europeia. Espera-se até que seu produto interno bruto (PIB) encolha neste ano em 0,8%, tornando a Suécia provavelmente o único país da UE com crescimento negativo.
"As famílias ajustarão ainda mais seus gastos de consumo em resposta à perda de renda disponível real, ao alto nível de incerteza e ao aumento do desemprego", disse a comissão sobre a Suécia, colocando a economia outrora em expansão no nível mais baixo.
O declínio tem sido associado ao fato de as famílias estarem sendo forçadas a se acostumar com recursos mais escassos por causa da inflação e aumento dos custos de habitação. A taxa de inflação anual na Suécia subiu para 12,3% em dezembro de 2022, seu nível mais alto desde fevereiro de 1991, acelerando de 11,5% em novembro.
O nível exorbitante de endividamento dos suecos, que recentemente ultrapassou o limite simbólico de SEK 100 bilhões (cerca de R$ 49,5 bilhões), e a tradição de ter taxas de juros variáveis em hipotecas, significam que seu poder de compra caiu mais rápido e drasticamente do que em muitos países da UE.
A Comissão Europeia também espera que o desemprego aumente devido à deterioração da economia. Acima de tudo, o setor de construção deve sofrer com o aumento dos custos e a redução da demanda à medida que os custos da habitação aumentam. Espera-se também que as empresas suecas se tornem mais cautelosas com os investimentos devido à incerteza geral e às mudanças nas taxas de juros.
De acordo com a professora de economia da Universidade de Estocolmo Annika Alexius, o pessimismo das famílias é agravado pelo alto nível de empréstimos.
"Os bancos tiveram os empréstimos como sua 'vaca leiteira' e estavam dispostos a concedê-los, mesmo que as finanças domésticas não fossem suficientes", disse ela à mídia sueca.
Ela também argumentou que, mesmo que a maioria das famílias se mantenha à tona, elas vão ter de reduzir bastante o consumo por causa da disparada das taxas de juros dos empréstimos. No geral, ela previu uma "recessão leve" não apenas na Suécia, mas em todo o mundo.
Por outro lado, Marcus Svedberg, economista-chefe de uma das principais companhias de seguros da Suécia, a Folksam, argumentou que um período de estagnação é inevitável, já que o rápido crescimento dos últimos anos criou certa "altura de queda".
"A economia da Suécia está em uma forma significativamente melhor do que a maioria dos países da UE, com um orçamento mais equilibrado e dívida nacional relativamente baixa. Também viemos de níveis de crescimento mais altos, com 2,4% em média ao ano desde 2010, em comparação com 1,3% na zona do euro", disse Svedborg à mídia sueca.
Na previsão para 2024, a economia da Suécia deve voltar a crescer mais uma vez, na casa de 1,2%. No entanto, ainda é provável que a Suécia tenha o menor crescimento em toda a UE — mesmo em 2024.
O país com maior crescimento previsto para 2023 é a Irlanda, cujo PIB deve crescer 4,9%. Também é previsto crescimento de 3,5% e 2,5% para Malta e Romênia, respectivamente, disse a Comissão Europeia.