Ciência e sociedade

Ameaça nuclear é real? Presidente de comitê da ONU responde

A crise energética derivada das sanções ocidentais contra a Rússia reabriu um debate global que parecia ter terminado: a utilização de energias limpas como alternativa aos combustíveis que aceleram os efeitos das alterações climáticas.
Sputnik
A energia nuclear aparece como uma das muitas opções, apesar de persistir uma imagem negativa devido a episódios como Chernobyl e Fukushima, e pelo desafio que implica a gestão de resíduos nucleares.
A este respeito, Ana María Cetto Kramis, a cientista mexicana e presidente eleita do Comitê Diretivo Mundial de Ciência Aberta da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foi clara ao assinalar, em entrevista à Sputnik, que ainda não se consegue nenhuma fonte de energia que se possa considerar totalmente limpa.
"Toda transformação de energia, que é do que se trata, se trata de gerar energia, significa tirar energia de uma fonte para convertê-la em energia útil [para nós] em eletricidade ou em calor. E toda transformação de energia tem seu custo, seu custo ambiental, seu custo econômico. Então, uma energia totalmente limpa não existe", explica a primeira mulher latino-americana a ter sido secretária geral do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU, por suas siglas em inglês).
"Hoje em dia há países que continuam usando energia nuclear por ter resolvido mais seu problema da gestão de resíduos. Em outros casos não, então por que mexer com a energia nuclear? Tem que haver uma mistura em cada país, deve-se encontrar sua fórmula", declarou Cetto Kramis.
Esta busca destaca o esforço conjunto entre Brasil e Rússia para a instalação de usinas nucleares flutuantes no Caribe. Para a cientista mexicana, a viabilidade deste projeto se verá quando se tiverem os estudos de impacto ambiental.
O conflito na Ucrânia também reviveu o medo de que o mundo enfrente um desastre nuclear, uma ameaça persistente desde meados do século XX e que resultou na criação do chamado relógio do fim do mundo ou relógio do apocalipse.
Esse relógio, a cargo do Boletim de Cientistas Atômicos, avança enquanto a ameaça de desastre nuclear está mais próxima. Atualmente, está localizada a 90 segundos da meia-noite que representa o fim. A última atualização foi realizada no fim de janeiro de 2023, acompanhada de um pedido para que o governo dos Estados Unidos, seus aliados da OTAN e a Ucrânia utilizassem a multiplicidade de canais disponíveis para estabelecer um diálogo.
Para a doutora Anna Maria Cetto Kramis, o relógio é uma "chamada de atenção" para toda a humanidade; no entanto, descartou que o mundo esteja perto de um Armagedom nuclear, pois, embora em várias ocasiões "estivemos muito perto", "felizmente até agora tem privado a razão".
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