As sanções ocidentais à Rússia por conta da crise na Ucrânia não conseguiram encerrar o conflito, mas, em vez disso, causaram estragos na economia da Europa e aumentaram a inflação, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
Postando em sua página no Facebook (aplicativo do grupo Meta, proibido na Rússia devido à propagação de extremismo) no domingo (19), Orbán fez uma crítica contundente às sanções da União Europeia (UE), alegando que o bloco está lutando para combater a inflação devido às restrições que Bruxelas introduziu no setor de energia. "O nome da doença é [...] inflação, e o vírus é chamado de sanções de Bruxelas", disse o líder político.
Orbán classificou as sanções como "as armas da política de guerra de Bruxelas", acrescentando que, embora a UE estivesse usando essa ferramenta para atingir a Rússia, ela se prejudicou.
"Não faz muito tempo que Bruxelas prometeu que essas sanções trariam o fim da guerra. Passou um ano e o fim da guerra não está mais próximo, está cada vez mais longe", insistiu o primeiro-ministro.
Orbán continuou dizendo que, embora as autoridades da UE tenham prometido que as sanções não seriam estendidas ao setor de energia, no final elas foram, elevando os preços do gás natural a níveis recordes.
O primeiro-ministro também apontou que o gás determina em parte o custo da eletricidade. "O aumento do preço do gás é, portanto, imediatamente acompanhado por um aumento do preço da eletricidade, mesmo que a eletricidade não tenha sido produzida com turbinas a gás, mas sim com energia solar, eólica, hídrica, usinas a carvão ou nucleares", observou.
"Se Bruxelas quer ir à guerra, deve combater a inflação. Mas não o faz", afirmou Orbán, acrescentando que as autoridades húngaras estão fazendo o possível para proteger famílias e empresas das consequências econômicas.
A Hungria, um país fortemente dependente da energia russa, repetidamente se manifestou contra as sanções que a UE impôs a Moscou desde que iniciou sua operação militar especial na Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022. Budapeste argumentou que as restrições não conseguiram enfraquecer significativamente a Rússia, ao mesmo tempo em que prejudicaram a economia europeia.
No final de janeiro, Orbán também sinalizou que a Hungria vetaria quaisquer sanções da UE contra o setor de energia nuclear da Rússia. Além do mais, Budapeste resistiu aos planos do bloco de proibir completamente as importações de petróleo e gás da Rússia, recebendo várias isenções na aquisição de combustíveis fósseis do país.