No final do ano passado, foi noticiado pela Agência Brasil que câmeras instaladas em uniformes da PM de São Paulo evitaram 104 mortes. As câmeras corporais tiveram um impacto positivo, reduzindo em 57% o número de mortes decorrentes de ações policiais em relação a unidades policiais onde ainda não houve a implantação dessa tecnologia.
Agora, outra corporação está estudando implantar o mesmo sistema: a Polícia Rodoviária Federal (PRF). De acordo com o jornal O Globo, o Ministério da Justiça e a PRF iniciaram estudos para implantar mais de dez mil câmeras corporais nos uniformes dos agentes.
No fim de fevereiro, a corporação montou um grupo de trabalho com as equipes de inteligência, direitos humanos e ouvidoria da instituição para levantar dados sobre a aplicabilidade da tecnologia. A ideia é que os equipamentos sejam implantados até o fim deste ano, relata a mídia.
Apesar de certa resistência de agentes ao equipamento, as câmeras são apoiadas pelo diretor-geral da corporação, Antônio Fernando Oliveira, que tem defendido resgatar a "essência cidadã" da Polícia Rodoviária.
"Não vejo nenhum ponto negativo para os agentes em ter a atividade gravada — disse Oliveira, lembrando que, quando atuava nas estradas, comprou uma caneta com câmera para se resguardar nas abordagens. "Botava aquilo no bolso e, quando a pessoa que estava sendo abordada começava a subir o tom, eu falava: 'A partir desse momento a conversa está sendo gravada', aí normalizava a situação", recordou.
A análise para o uso das câmeras também ganhou força após o caso da morte de Genivaldo de Jesus Santos em maio de 2022, um homem diagnosticado com esquizofrenia morto ao ser parado por três policiais rodoviários em Umbaúba (SE) ao ter a cabeça colocada dentro do porta-malas onde acabou forçado a inalar gás lacrimogêneo.