Uma das principais razões para essa nova dinâmica é a China – o segundo maior consumidor de petróleo do mundo – que está revivendo sua economia depois de reverter suas rígidas políticas contra a COVID-19. O setor manufatureiro do país registrou sua maior melhora em mais de uma década no mês passado, a atividade de serviços está se recuperando e o mercado imobiliário está se estabilizando.
Mesmo que o mundo se concentre na adoção de fontes de energia mais limpas, a sede de petróleo é difícil de saciar, escreve a agência.
A reabertura significa que o consumo de petróleo chinês está prestes a bater um recorde este ano. Mas não é apenas a China, também a Índia e outros países da região da Ásia-Pacífico, os Estados Unidos e a Europa que estão consumindo mais petróleo com a reabertura das fronteiras.
É esta reabertura que vai ajudar a impulsionar a demanda global para um recorde de 101,9 milhões de barris por dia e pode mergulhar o mercado em déficit no segundo semestre do ano, segundo declarações de analistas. Da mesma forma, Christopher Bake, membro do comitê executivo da Vitol, garantiu que o renascimento das viagens internacionais com o ressurgimento da China vai ser um dos "motores que impulsionarão a demanda no futuro".
Enquanto isso, a oferta não está acompanhando a recuperação da demanda. O teto de preços do petróleo russo e as sanções antirrussas contribuíram para a redução da oferta no mercado. Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) planeja manter as metas de produção de petróleo estabelecidas em outubro. Por outro lado, a produção norte-americana em suas bacias de xisto não está tendo os resultados esperados, pois seus produtores estão ficando sem áreas privilegiadas para perfurar.
"A produção dos EUA caiu no início da pandemia [COVID-19] e permanece em cerca de 800.000 barris por dia, abaixo do recorde de 13,1 milhões atingido no início de 2020. Este ano, o crescimento provavelmente será de cerca de 560.000 barris por dia", observa a Bloomberg, baseada em dados de pesquisa da Enverus.
Nesse contexto, apesar de alguns especialistas, como Bank of America e Morgan Stanley, serem céticos em relação à ideia do preço de três dígitos ao considerar a força dos fluxos de petróleo importado da Rússia, outros preveem uma alta nos preços do petróleo. Oferta apertada e demanda dinâmica fez com que analistas do Goldman Sachs Group Inc. à potência comercial Vitol Group tenham lançado mão de previsões de uma alta para US$ 100 (cerca de R$ 519,59) o barril ainda este ano.
"Com o retorno da China, perderemos essa capacidade ociosa. Minha confiança de que veremos outro aumento de preço nos próximos 12 a 18 meses é bastante alta", disse o chefe de pesquisa de commodities do Goldman Sachs, Jeff Currie.